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RoboCop: Prime Directives

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
RoboCop: Prime Directives
Informações gerais
Géneros Ficção científica cyberpunk
Ação
Drama
Elenco Page Fletcher
Maurice Dean Wint
Maria del Mar
Geraint Wyn Davies
Leslie Hope
País de origem Canadá
Idioma original inglês
Produção
Duração 90

RoboCop: Prime Directives é uma minissérie de televisão canadense de ficção científica cyberpunk, dividida em quatro partes, que foi ao ar em 2001. Produzida pela Fireworks Entertainment e dirigida por Julian Grant, a série foi concebida como um retorno às raízes sombrias e adultas do filme original de 1987, distanciando-se do tom mais ameno de suas sequências e de outras adaptações para a TV.[1]

Ambientada dez anos após os eventos do primeiro filme, a minissérie apresenta uma Delta City (anteriormente Detroit) supostamente pacificada e um RoboCop considerado obsoleto. A narrativa explora temas de decadência, identidade, corrupção corporativa e a luta psicológica de um herói envelhecido.[2] A série estabelece uma continuidade alternativa, ignorando amplamente os eventos de RoboCop 2, RoboCop 3 e da série de TV de 1994, fazendo apenas referências pontuais a eles.[carece de fontes?] Com uma atmosfera mais cínica e uma trama complexa, Prime Directives oferece uma visão aprofundada da psique de Alex Murphy e do mundo distópico da OCP.

Elenco principal

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Contexto e desenvolvimento

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A minissérie foi produzida pela Fireworks Entertainment após a empresa adquirir os direitos televisivos da franquia RoboCop. Com o vencimento desses direitos se aproximando, a decisão foi criar um evento televisivo em quatro partes, em vez de uma série contínua.[2] O diretor Julian Grant, um fã do filme de Paul Verhoeven, teve como visão explícita resgatar a violência gráfica e a sátira social sombria do original. Ele sentia que as sequências e as séries anteriores haviam diluído a essência do personagem para atingir um público mais amplo.[1]

O roteiro, escrito por Brad Abraham, reintroduz a OCP (Omni Consumer Products) como uma força dominante, mas à beira da falência, e explora o que aconteceria com RoboCop uma década depois de sua criação. A produção operou com um orçamento significativamente limitado em comparação com os filmes, o que influenciou a estética da série, resultando em efeitos especiais mais práticos e um visual mais cru e urbano, filmado em Toronto, Canadá.[5] Essa restrição financeira, no entanto, reforçou a atmosfera de decadência e realismo que os criadores buscavam.

A trama se desdobra ao longo de quatro episódios, cada um funcionando como um capítulo de uma história contínua.

Dark Justice (Justiça Sombria)

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Dez anos se passaram. Delta City é considerada a "Cidade Mais Segura do Planeta", e o RoboCop (Page Fletcher) é visto como uma relíquia de uma era violenta. Atormentado por memórias e pela solidão, ele lida com a obsolescência e a aparente inutilidade. Seu filho, James Murphy, agora é um executivo da OCP, ignorante sobre o destino de seu pai. O retorno de John T. Cable (Maurice Dean Wint), ex-parceiro de Murphy na polícia, como novo comandante de segurança da OCP, traz à tona tensões do passado. Enquanto isso, um novo e sádico vilão conhecido como "Bone Machine" aterroriza a cidade. Para desacreditar RoboCop, o ambicioso executivo da OCP, Damian Lowe, hackeia o sistema de Murphy e insere uma nova diretiva: "Exterminar John Cable". Incapaz de resistir à programação, RoboCop caça e mata seu antigo parceiro, um ato que o deixa ainda mais fraturado psicologicamente, mas que paradoxalmente o leva a deter Bone Machine.

Meltdown (Colapso)

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Assombrado pela culpa da morte de Cable, Murphy se torna um fugitivo. No entanto, a OCP, sob a influência da viúva de Cable, Sara, e de um consórcio secreto conhecido como "The Trust", recupera o corpo de Cable. Usando a mesma tecnologia que criou RoboCop, eles o ressuscitam como um novo e mais avançado cyborg, apelidado de "RoboCable". Com um chassi preto e armado com duas pistolas, RoboCable é ativado com a missão de destruir o RoboCop original. A OCP o apresenta como a substituição superior, iniciando uma caçada implacável. O confronto entre os dois ciborgues é inevitável, culminando em uma batalha brutal nas ruas de Delta City que espelha um duelo de faroeste futurista.

Resurrection (Ressurreição)

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Gravemente danificados após a batalha, Murphy e Cable se refugiam nas ruínas da Velha Detroit para escapar de um esquadrão de "RoboHunters" enviado pela OCP. Eles são separados e resgatados por grupos distintos. Murphy é encontrado por um grupo de dissidentes anti-OCP liderados pela cientista Ann R. Key, que o repara e tenta restaurar sua humanidade. Cable, por outro lado, cai nas mãos de David Kaydick, um cientista genial e ecoterrorista que o repara, mas implanta um dispositivo de controle para forçá-lo a obedecer suas ordens. O plano de Kaydick é usar um vírus biotecnológico chamado "Legion" para erradicar toda a vida, humana e digital.

Crash & Burn (Destruir e Incinerar)

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Delta City está a 24 horas de ser totalmente automatizada pelo SAINT, um supercomputador de inteligência artificial da OCP. Kaydick planeja usar a ativação do SAINT para disseminar o vírus Legion em escala global. RoboCop, agora aliado aos dissidentes e a seu próprio filho, James (que finalmente descobre a verdade), corre contra o tempo para impedir o apocalipse. Cable, sob o controle de Kaydick, é forçado a confrontar Murphy novamente. Em um clímax tenso dentro da Torre da OCP, a humanidade de Cable ressurge momentaneamente, e ele se sacrifica para deter o plano. RoboCop consegue desativar o SAINT, e com suas diretivas de programação apagadas, ele finalmente se reconcilia com sua identidade como Alex Murphy, livre para seguir seus próprios princípios de justiça.

Análise temática

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Obsolescência e decadência

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Um tema central da minissérie é a obsolescência, tanto tecnológica quanto humana. RoboCop não é mais o auge da tecnologia; ele é uma máquina envelhecida, com partes que rangem e um sistema que pode ser hackeado. Essa decadência física espelha seu estado psicológico: ele é um homem preso em uma era passada, assombrado por um mundo que seguiu em frente.[6] A própria Delta City, apesar de sua fachada de segurança, é mostrada como um lugar corroído por dentro, com suas fundações (a Velha Detroit) em ruínas.

Humanidade e identidade

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Prime Directives aprofunda a exploração da dualidade de Alex Murphy. Diferente das sequências do cinema, aqui vemos um Murphy que luta abertamente com a depressão e a solidão.[7] A performance de Page Fletcher transmite um cansaço existencial. A criação de RoboCable serve como um espelho sombrio para Murphy: Cable representa o que Murphy poderia ter se tornado, uma máquina de vingança sem a âncora de sua humanidade. O conflito entre eles é, em essência, a luta de Murphy com sua própria identidade.

Corrupção corporativa

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A OCP continua sendo o principal vetor de sátira social. No entanto, a abordagem é menos cômica e mais sinistra. Os executivos como Damian Lowe não são apenas gananciosos; eles são sociopatas dispostos a assassinar todo o conselho de administração para ganhar poder. A série critica a desumanização inerente à lógica corporativa, onde seres humanos como Murphy e Cable são meros "produtos" a serem utilizados, atualizados ou descartados.[8]

Produção

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Estilo visual e direção

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Julian Grant optou por uma abordagem visual crua e sombria, utilizando a paisagem urbana de Toronto para criar a atmosfera de uma cidade em declínio. A cinematografia de Gerald R. Goozee emprega uma iluminação de baixo contraste e enquadramentos que enfatizam a solidão de RoboCop em meio a uma arquitetura fria e impessoal. O estilo de direção evita o espetáculo polido dos blockbusters, favorecendo uma sensação de realismo corajoso, quase documental.

Efeitos especiais e trilha sonora

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Com um orçamento limitado, os efeitos especiais dependem muito de soluções práticas. O traje do RoboCop foi redesenhado com uma aparência mais desgastada. Os tiroteios e explosões são viscerais, mas em menor escala que nos filmes. A recepção aos efeitos foi mista, com alguns críticos considerando-os datados, enquanto outros sentiram que o aspecto "barato" contribuía para o charme de filme B da série.[5] A trilha sonora, composta por Norman Orenstein, é notável por se afastar do tema icônico de Basil Poledouris, adotando em seu lugar um som inspirado em Ennio Morricone e nos faroestes spaghetti, o que acentua o tema do pistoleiro solitário.[1]

Recepção

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A recepção de RoboCop: Prime Directives foi polarizada. No Rotten Tomatoes, a série possui uma rara pontuação de 20% com base em críticas.[carece de fontes?] Os críticos e o público se dividiram drasticamente.

Uma parte dos fãs elogiou a minissérie por sua coragem em retornar ao tom sombrio e filosófico do original. A performance de Page Fletcher como um RoboCop vulnerável e cansado foi frequentemente destacada como um ponto alto, assim como a profundidade dada ao seu conflito psicológico.[3] O tom de faroeste futurista e a trama complexa também foram apreciados por aqueles que buscavam uma abordagem mais madura.

Por outro lado, muitos criticaram duramente a produção por seu baixo orçamento visível, ritmo lento e o que foi percebido como uma trama excessivamente complicada.[9] Os efeitos especiais foram um alvo comum de desdém, e alguns espectadores acharam a narrativa arrastada, especialmente quando comparada à ação incessante dos filmes. A decisão de substituir o tema musical clássico também foi controversa. No geral, é considerada uma entrada fascinante, mas falha e divisiva na franquia.

Referências

  1. a b c «DVD Review: RoboCop: Prime Directives». FilmBook. Consultado em 21 de julho de 2024 
  2. a b «RoboCop History Week: RoboCop: Prime Directives: Dark Justice». VERN'S REVIEWS on the FILMS of CINEMA. Consultado em 21 de julho de 2024 
  3. a b «RoboCop: Prime Directives – Dark Justice (2001) Review». Breathing Dead. Consultado em 21 de julho de 2024 
  4. «Origins and Evolutions: RoboCop». SuperHeroHype. Consultado em 21 de julho de 2024 
  5. a b «RoboCop: Prime Directives Miniseries». Reddit. Consultado em 21 de julho de 2024 
  6. «RoboCop: Prime Directives». PekoeBlaze's Blog. Consultado em 21 de julho de 2024 
  7. «RoboCop: Prime Directives: Dark Justice». Now Playing Podcast. Consultado em 21 de julho de 2024 
  8. «Tag: Robocop Prime Directives». Aaltomies. Consultado em 21 de julho de 2024 
  9. «RoboCop: Prime Directives Review». Eye for Film. Consultado em 21 de julho de 2024