Hesperonychus
| Hesperonychus | |
|---|---|
| Classificação científica | |
| Reino: | Animalia |
| Filo: | Chordata |
| Classe: | Reptilia |
| Clado: | Dinosauria |
| Clado: | Saurischia |
| Clado: | Theropoda |
| Clado: | Paraves |
| Família: | †Dromaeosauridae |
| Gênero: | †Hesperonychus Longrich & Currie, 2009 |
| Espécies: | †H. elizabethae
|
| Nome binomial | |
| †Hesperonychus elizabethae Longrich & Currie, 2009
| |
Hesperonychus (que signfica "garra do oeste") é um gênero de dinossauro terópode da família Dromaeosauridae. Há uma única espécie descrita para o gênero, Hesperonychus elizabethae. A espécie-tipo foi nomeada em homenagem á Dra. Elizabeth Nicholls, do Museu Real de Paleontologia Tyrell, que coletou o fóssil quando era uma estudante em 1982.[1] A espécie é conhecida por fósseis encontrados na Formação Dinosaur Park e possivelmente dos estratos superiores da Formação Oldman de Alberta, datando da era Campaniana do Cretáceo Superior, cerca de 75 milhões de anos atrás.[2]
Descrição
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Hesperonychus é conhecido principalmente por uma pélvis parcial, do holótipo UAVLP 48778, coletado pela Dra. Elizabeth Nicholls no Dinosaur Provincial Park em 1982. O fóssil ficou indescrito até Nick Longrich e Phil Currie publicarem sobre ele em 2009. Um número de pequenos ossos do pé encontrados na Formação Dinosaur Park e na Formação Oldman, incluindo "garras de foice", na coleção no Museu Real Tyrell, foram tentativamente referidos como cf. Hesperonychus.[2]
A aparência delicada desses ossos faz com que seja improvável que Hesperonychus seja dos Eudromaeosauria. Apesar do tamanho pequeno, os ossos púbicos estavam fundidos, uma característica de dinossauros adultos, o que indica que o espécime não é um juvenil de alguma espécie conhecida.[2] Apesar de ser conhecido por apenas restos parciais, é estimado que medisse 1 metro de comprimento e pessase entre 1.5 e 2 quilogramas, o fazendo um do menores dinossauros não-avianos da América do Norte.[2][3]
Classificação
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Uma análise filogenética feita por Currie e Longrich revelou que Hesperonychus faz parte dos Microraptorinae,[4] um clado de dinossauros dromaeosaurídeos de pequeno porte que antes aparentavam ser restritos à Ásia do Cretáceo Inferior. Essa descoberta foi descrita como "marcante", já que o dinossauro mais novo desse clado era o próprio Microraptor, do Aptiano do Cretáceo Inferior, então a descoberta de Hesperonychus no Campaniano do Cretáceo Superior empurra a faixa de fósseis dos Microraptorinae 45 milhões de anos para o presente.[2] Enquanto o similarmente "recente" Bambiraptor da América do Norte já foi classificado ás vezes como um Microraptorinae, alguns pesquisadores (incluindo Longrich e Currie) apontam que a espécie é mais próxima de Saurornitholestes.[2]
Hesperonychus foi colocado com os Microraptoria por ter uma sínfise púbica espatulada (redonda), uma forte curvatura posterior da haste distal da púbis, e tubérculos laterais nos púbis, que se expandiam em estruturas "aladas" no caso de Hesperonychus.[2]
Cladograma (2012):[5]
| Dromaeosauridae |
| |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
No entanto, estudos subsequentes têm questionado sua identidade como um Microraptoria, com alguns pesquisadores até excluindo o táxon de análises filogenéticas por causa de seus restos fragmentados e outros o colocando em posições dentro ou fora dos dromaeosaurídeos. Em 2012, Matt Martyniuk o colocou dentre os Eudromaeosauria.[6] Em 2013, microraptorinos foram considerados como paraves separadas dos dromaeosaurídeos.[7] Em 2014, Brusetta e colegas separaram 5 táxons "curingas", incluindo as paraves Pyroraptor e Hesperonychus, de análises filogenéticas, principalmente por uma falta de dados massiva, o que indicava que a classificação definitiva desses táxons ainda era incerta.[8] Outros estudos seguiram com a "exclusão" de Hesperonychus.[9][10][11][12]
Em 2019, Scott Hartman e colegas sugeriram que Hesperonychus na verdade seria um avialano próximo dos pássaros modernos similar à Balaur bondoc baseado em análises filogenéticas, apesar de discordarem que microraptorinos seriam avialanos.[13] No mesmo ano, Rauhut e colegas consideraram vários gêneros de terópodes, incluindo Hesperonychus, "táxons problemáticos" por causa de suas posições filogenéticas instáveis.[14] Em 2020, Hesperonychus foi recuperado como dromaeosaurídeo e colocado com táxon-irmão (mas não um membro) dos microraptorinos politômicos. [15]
Paleobiologia
[editar | editar código]Os microraptoríneos são bem conhecidos por seu pequeno tamanho e, em alguns casos, pela capacidade de voar ou planar. Longrich e Currie concluíram que era improvável que o Hesperonychus exibisse quatro asas ou a habilidade de planar como o Microraptor, e especularam que seria mais provável que fosse semelhante ao Sinornithosaurus, dada a semelhança em tamanho. No entanto, Hesperonychus parece mostrar que os microraptoríneos não variavam muito em tamanho, permanecendo muito pequenos em relação a outros dromeossaurídeos ao longo de sua história,[2] embora seja questionável se Hesperonychus era de fato um microraptoríneo ou um dromeossaurídeo.[13]
Seja um microraptorídeo ou não, a descoberta do Hesperonychus preencheu uma lacuna na ecologia da América do Norte do Cretáceo Superior. Ao contrário dos ambientes da Europa e da Ásia, na América do Norte pareciam faltar dinossauros carnívoros de porte pequeno. Em ecossistemas modernos dominados por mamíferos endotérmicos, as espécies de animais pequenos superam as maiores em número. Como também se presume que os dinossauros eram endotérmicos, a falta de espécies pequenas e de um grande número de espécies grandes conhecidas na América do Norte era incomum.[2] Hesperonychus ajudou a preencher essa lacuna, especialmente porque, dado o número de restos fragmentários e garras que foram coletados (representando pelo menos dez espécimes distintos, em comparação com os 30 de Saurornitholestes e dois de Dromaeosaurus), parece ter sido uma característica muito comum do ambiente da Formação Dinosaur Park.[2]
Outro carnívoro pequeno era o mamífero Eodelphis, que pesava apenas 600 gramas. Não parecem ter havido quaisquer sobreposições entre os menores dinossauros e os maiores mamíferos em ecossistemas como esse, o que Longrich e Currie explicaram levantando a hipótese de que ou a competição com os dinossauros impedia os mamíferos de crescerem (a visão tradicional), ou a competição com os mamíferos impedia os dinossauros de ficarem menores, ou os dois.[2]
Ver também
[editar | editar código]Referências
- ↑ Alberta researchers discover mini meat-eating dinosaur, a 16 March 2009 article from CBC News
- ↑ a b c d e f g h i j k Longrich, N.R.; Currie, P.J. (2009). «A microraptorine (Dinosauria–Dromaeosauridae) from the Late Cretaceous of North America». Proceedings of the National Academy of Sciences. 106 (13): 5002–5007. Bibcode:2009PNAS..106.5002L. PMC 2664043
. PMID 19289829. doi:10.1073/pnas.0811664106
- ↑ Paul, Gregory S. (2016). The Princeton Field Guide to Dinosaurs. [S.l.]: Princeton University Press. 150 páginas. ISBN 978-1-78684-190-2. OCLC 985402380
- ↑ Canadian dig yields tiny dinosaur, a 16 March 2009 article from BBC News
- ↑ Senter, P.; Kirkland, J. I.; Deblieux, D. D.; Madsen, S.; Toth, N. (2012). Dodson, Peter, ed. «New Dromaeosaurids (Dinosauria: Theropoda) from the Lower Cretaceous of Utah, and the Evolution of the Dromaeosaurid Tail». PLOS ONE. 7 (5): e36790. Bibcode:2012PLoSO...736790S. PMC 3352940
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- ↑ Martyniuk, Matthew P. (2012). «Restoring Mesozoic Birds». A Field Guide to Mesozoic Birds and Other Winged Dinosaurs. [S.l.]: Pan Aves. pp. 32–52. ISBN 978-0988596504
- ↑ Agnolín, Federico L.; Novas, Fernando E. (2013), «Discussion», ISBN 978-94-007-5636-6, Dordrecht: Springer Netherlands, Avian Ancestors, pp. 49–57, doi:10.1007/978-94-007-5637-3_5, consultado em 20 June 2024 Verifique o valor de
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Verifique data em: |data=(ajuda)