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Circassianos

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 Nota: Para a(s) língua(s), veja Língua circassiana.
Circassianos
Адыгэхэр
Bandeira da Adiguésia - Símbolo tradicional circassiano
Dançarinos circassianos em trajes típicos
População total
~5,3 milhões
Regiões com população significativa
 Turquia2 a 3 milhões[1][2][3]
 Rússia718 729[4]
Jordânia250 000[5][6]
Síria Síria80 mil a 120 mil[6][7][8][9][10]
 Egito50 000[carece de fontes?]
 Alemanha40 000[6][11]
 Líbia35 000[12]
 Iraque34 000[13]
 Estados Unidos25 000[13]
Arábia Saudita23 000[carece de fontes?]
Irã Irão5 mil a 50 mil[14]
 Israel4 mil a 5 mil[15][16][17]
 Uzbequistão1 257[18]
Kosovo1 200[13]
 Ucrânia1 001[19]
 Polónia1 000[20][21][22]
 Países Baixos500[23]
 Canadá400[24]
 Bielorrússia116[25]
Turquemenistão54[26]
Línguas
Nativas: Adigue e cabardiano.
Diversas línguas nacionais na diáspora
Religiões
Maioria de muçulmanos sunitas e minorias cristãs ortodoxas e católicas, pagãos circassianos e irreligiosos
Grupos étnicos relacionados
Abecazes, Abazas e Chechenos

Os circassianos são um grupo étnico originário da região do norte do Cáucaso historicamente designada como Circássia (em russo: Cherkessia, em turco: Çerkez, Cherkess).

Os chamados circassianos não usam esse termo para se autodesignarem. O etnónimo tem sido usado indiscriminadamente a todos os povos do norte do Cáucaso, mas comumente refere-se aos adiguésios ou adigueus, um povo autóctone do norte do Cáucaso, o qual é mencionado em documentos históricos desde a época do Helenismo, mas sua identidade cultural remonta ao século X.[necessário esclarecer]

Crianças circassianas com a tradicional bandeira Circassiana.

Persiste uma imprecisão do termo circassiano que deriva, em grande parte, do facto da região do Cáucaso do Norte ter sido uma área remota e relativamente desconhecida para os ocidentais e os turcos. Genericamente, pode ser entendido num sentido mais restrito como Cherkes, Shapsugs e Cabardinos), ou, no sentido lato como Abkházia, Abazins e Ubykh (o último desaparecido linguisticamente).

Desde o século XVIII os circassianos sofreram uma dispersão, fundando vilas e bairros na Síria, Jordânia, Líbano, Israel, Bulgária, Turquia, Moldávia e Kossovo. Em 2006 estimava-se em cerca de 700 000 o número de circassianos no mundo, dos quais 200 000 a viver na República Autônoma da Adiguésia, na Rússia.

Revolta Circassiana

Durante as últimas décadas do século XIX, por volta de 400 mil circassianos foram mortos, e estima-se que aproximadamente 1,2 milhão de circassianos foram expulsos da região do Cáucaso pelo Império Russo.

Por volta de 1860, os russos estavam terminando de dominar o Cáucaso e a região da Chechênia, mas no seu caminho estavam os circassianos, povos muçulmanos. Foi quando o General Yevdokimov propôs persuadir os nativos a se mudar para o vizinho Império Otomano. Para garantir que os montanheses fossem realmente embora, os soldados destruíram quaisquer aldeias que encontrassem.

A limpeza étnica foi tão completa que hoje ninguém mais na região do Cáucaso fala os idiomas dos povos circassianos.

A maior parte são muçulmanos sunitas e uma minoria é ortodoxa russa, mas há forte influência xamanista em suas crenças.

Referencias literárias

Nas Letters on the English (1734), Voltaire menciona a beleza das mulheres circassianas:

The Circassians are poor, and their daughters are beautiful, and indeed it is in them they chiefly trade. They furnish with those beauties the seraglios of the Turkish Sultan, of the Persian Sophy, and of all of those who are wealthy enough to purchase and maintain such precious merchandise. These maidens are very honorably and virtuously instructed how to fondle and caress men; are taught dances of a very polite and effeminate kind; and how to heighten by the most voluptuous artifices the pleasures of their disdainful masters for whom they are designed. Letter XI, On Inoculation.

Mulheres circassianas

Existe um mito sobre as mulheres deste povo que seriam de uma beleza e de uma elegância invulgares e associa-se ao termo circassiana o termo de concubina. Esta reputação remonta ao Império Otomano quando estas mulheres foram raptadas para fazerem parte dos haréns do Império do Sultão Turco. Estas mulheres ficaram também conhecidas por "moss haired girls", por terem sido vítimas de escravidão sexual entre os turcos.

Como resultado desta reputação, na Europa e América as mulheres circassianas eram regularmente caracterizadas como o ideal de beleza feminina que teve repercussões na poesia e na arte. Uma das características destas mulheres era a pele branca que contrastava com um cabelo ripado como algumas tribos africanas.

No século XIX, a combinação dos temas populares como Oriente, ideologia racial e excitação sexual deu a uma notoriedade estas mulheres e P. T. Barnum, líder do circo Ringling Bros and Barnum & Bailey Circus, decidiu capitalizar esse interesse da sociedade americana.

Barnum criou o Barnum's American Museum em Nova Iorque e, em 1864, exibiu a primeira mulher circassiana sob o nome de Zalumma Agra.[27] Reza a história que Barnum tenha escrito a John Greenwood, o seu representante na Europa, pedindo-lhe para comprar uma bela mulher circassiana para expor, ou pelo menos para contratar uma moça que poderia "passar por" uma. No entanto, parece que Zalumma Agra foi presumivelmente uma mulher local contratada para o show. Mas mais tarde, Barnum conseguiu adquirir um número suficiente de mulheres circassianas que tinham emigrado para os EUA para fugir da escravidão sexual.

A propagação de beleza circassiana rendeu um avultado lucro a quem explorava estas mulheres que eram expostas em museus ou em diversos circos onde realizavam inúmeros truques circenses (o mais comum era engolir espadas).

Referências

  1. Richmond, Walter (2013). The Circassian Genocide. [S.l.]: Rutgers University Press. p. 130. ISBN 978-0813560694 
  2. Danver, Steven L. (2015). Native Peoples of the World: An Encyclopedia of Groups, Cultures and Contemporary Issues. [S.l.]: Routledge. p. 528. ISBN 978-1317464006 
  3. Zhemukhov, Sufian (2008). «Circassian World Responses to the New Challenges» (PDF). PONARS Eurasia Policy Memo No. 54: 2. Consultado em 8 May 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. «Итоги Всероссийской переписи населения 2010 года в отношении демографических и социально-экономических характеристик отдельных национальностей. Приложение 2. Национальный состав населения по субъектам Российской Федерации.» (em russo). Consultado em 5 August 2019  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. «Израйльский сайт ИзРус». Consultado em 8 April 2013. Cópia arquivada em 30 October 2013  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  6. a b c Zhemukhov, Sufian (2008). «Circassian World Responses to the New Challenges» (PDF). PONARS Eurasia Policy Memo No. 54: 2. Consultado em 8 May 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  7. «Syrian Circassians returning to Russia's Caucasus region». TRTWorld. TRTWorld and agencies. 2015. Consultado em 8 May 2016. Cópia arquivada em 1 June 2016. Currently, approximately 80,000 ethnic Circassians live in Syria after their ancestors were forced out of the northern Caucasus by Russians between 1863 and 1867.  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  8. "Syria" Arquivado em 25 maio 2012 na WebCite Library of Congress
  9. «Независимые английские исследования». Consultado em 8 April 2013. Cópia arquivada em 8 May 2013  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  10. «single | The Jamestown Foundation». Jamestown.org. 7 May 2013. Consultado em 20 August 2013  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  11. Lopes, Tiago André Ferreira. «The Offspring of the Arab Spring» (PDF). Strategic Outlook. Observatory for Human Security (OSH). Consultado em 16 June 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  12. «Via Jamestown Foundation». Consultado em 8 April 2013. Cópia arquivada em 10 September 2012  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  13. a b c «Adyghe by country». Consultado em 8 April 2013. Cópia arquivada em 21 October 2013  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  14. «Circassians in Iran». Caucasus Times. 9 February 2018  Verifique data em: |data= (ajuda)
  15. Besleney, Zeynel Abidin (2014). The Circassian Diaspora in Turkey: A Political History. [S.l.]: Routledge. p. 96. ISBN 978-1317910046 
  16. Torstrick, Rebecca L. (2004). Culture and Customs of Israel. [S.l.]: Greenwood Publishing Group. p. 46. ISBN 978-0313320910 
  17. Louër, Laurence (2007). To be an Arab in Israel. [S.l.]: Columbia University Press. p. 20. ISBN 978-0231140683 
  18. «Всесоюзная перепись населения 1989 года. Национальный состав населения по республикам СССР» (em russo). Consultado em 6 August 2019. Cópia arquivada em 6 January 2012  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  19. «The distribution of the population by nationality and mother tongue». 2001.ukrcensus.gov.ua. Consultado em 6 August 2019  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  20. «Circassian Princes in Poland: The Five Princes, by Marcin Kruszynski». www.circassianworld.com. Consultado em 29 January 2020  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  21. «Polish-Circassian Relation in 19th Century, by Radosław Żurawski vel Grajewski». www.circassianworld.com. Consultado em 29 January 2020  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  22. «Polonya'daki Çerkes Prensler: Beş Prens». cherkessia.net. 26 December 2011. Consultado em 29 January 2020  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  23. Zhemukhov, Sufian, Circassian World: Responses to the New Challenges, cópia arquivada em 12 October 2009  Verifique data em: |arquivodata= (ajuda)
  24. Hildebrandt, Amber (14 August 2012). «Russia's Sochi Olympics awakens Circassian anger». CBC News  Verifique data em: |data= (ajuda)
  25. «Национальный статистический комитет Республики Беларусь» (PDF) (em bielorrusso). Statistics of Belarus. Cópia arquivada (PDF) em 18 October 2013  Verifique data em: |arquivodata= (ajuda)
  26. «Итоги всеобщей переписи населения Туркменистана по национальному составу в 1995 году.» (em russo). Consultado em 6 August 2019. Cópia arquivada em 13 March 2013  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  27. chnm.gmu.edu http://chnm.gmu.edu/lostmuseum/lm/344/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
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