Ver código fonte para Java

{{Ver desambig2|redir=Javanês|Língua javanesa|Java (desambiguação)}}
{{Mais notas|data=setembro de 2020}}
{{Info/Ilha
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}}
'''Java''' (em {{ling|id}}, {{ling|jv}} e {{ling|su}}: ''Jawa'') é uma ilha situada na [[Indonésia]], onde se situa a capital do país, [[Jacarta]].<ref name=raf2/> Tem {{fmtn|132.011,65|[[Quilómetro quadrado|km²]]}} de área e em 2023 tinha 153.391.145 habitantes ({{Densidade populacional|153391145|132011.65}}),<ref name=depk/> que constituem 56,7% da população da Indonésia. É a [[Lista de ilhas por população|ilha mais populosa do mundo]] e uma das regiões mais densamente povoadas do planeta.

A ilha possui um importante papel na história e na economia da Indonésia. No passado foi o centro de poderosos impérios [[Hinduísmo|hindus]] e [[Budismo|budistas]], [[sultanato]]s [[Islão|muçulmanos]], a principal possessão das [[Índias Orientais Holandesas]] e o principal local onde se desenrolou a [[História da Indonésia|luta pela independência da Indonésia]] nas décadas de 1930 e 1940. Java tem um papel preponderante na vida política, cultural e económica da Indonésia. Quatro dos oito sítios de [[Património Mundial|patrimônio mundial da UNESCO]] na Indonésia estão localizados em Java: [[Parque Nacional de Ujung Kulon]], [[Borobudur|Templo de Borobudur]], [[Prambanan|Templo de Prambanan]] e [[Sangiran|Sítio do Homem Primitivo de Sangiran]].

Java foi formada por [[Erupção vulcânica|erupções vulcânicas]] devido à [[subducção]] geológica da [[Placa australiana|Placa Australiana]] sob a [[Placa de Sonda]]. A maior parte da ilha é de origem [[Vulcão|vulcânica]]. É a [[Lista de ilhas por área|13.ª maior ilha do mundo]] em área e a [[Lista de ilhas da Indonésia|5.ª maior da Indonésia]]. Uma cadeia de montanhas vulcânicas forma uma espinha na direção leste-oeste ao longo de praticamente toda a ilha. 

As três principais línguas de Java são o [[Língua javanesa|javanês]], o [[Língua sundanesa|sundanês]] e o [[Língua maduresa|madurês]]. A primeira é a mais falada, sendo a língua materna de 60 milhões de indonésios, a maior parte deles residentes em Java. Os [[madureses]] no saliente oriental de Java são migrantes da [[Madura|Ilha de Madura]], enquanto os [[betawi]] na capital, Jacarta, são uma mistura de vários grupos étnicos da Indonésia. Grande parte dos habitantes é bilíngue, usando o indonésio como primeira ou segunda língua. Embora a esmagadora maioria da população seja muçulmana, Java tem uma mistura variada de crenças religiosas, etnias e culturas.<ref name="hat" /> 

Em termos administrativos, Java está dividida em quatro [[Províncias da Indonésia|províncias]] ([[Banten]], [[Java Ocidental]], [[Java Central]] e [[Java Oriental]]) e duas regiões especiais (Jacarta e [[Jogjacarta (região especial)|Jogjacarta]]).

== Etimologia ==
A origem do nome ''Java'' não é clara. Uma possibilidade é que a ilha deva o nome à planta ''jáwa-wut'' (painço; ''[[Setaria italica]]''), que supostamente seria comum na ilha. Antes da "indianização", a ilha teve vários nomes diferentes.<ref name=raf2/> Outra origem possível é a palavra ''jaú'' e as suas variantes, que significam "para além" ou "distante".<ref name="Raffles, Thomas E. 1965. Page 3">Raffles, Thomas E.: ''[[The History of Java (1817 book)|History of Java]]''. Oxford University Press, 1965, p. 3.</ref> Em {{ling|sa}}, ''yava'' significa [[cevada]], uma planta pela qual Java era famosa.{{harvy|raf|Raffles|1965|p=3}} A ilha é mencionada com o nome ''Yawadvipa'' no antigo [[Épico (género)|épico]] hindu [[Ramáiana]] — [[Sugriva]], o comandante do exército de [[Rama]], enviou os seus homens a Yawadvipa para procurarem [[Sita]].<ref name="kap" /> O nome em sânscrito da ilha é ''yāvaka dvīpa'' (''dvīpa'' significa ilha). Java é mencionada no antigo texto {{ling|ta}} ''{{ilc|Manimekalai||Manimegalai}}'' do poeta {{ilc|Chithalai Chathanar||Sattanar}}, onde se relata que em Java havia um reino cuja capital se chamava Nagapuram.<ref name="vish" /><ref name="pil" /><ref name="kan" /> Segundo outros autores, Java deriva do termo ''iawa'' do {{ilc|proto-austronésio|Língua proto-austronésia|Língua proto-austronesiana|Proto-austronésio}}, que significa "casa".<ref name=hat/> A grande ilha de Iabadiu ou Jabadiu é mencionada na ''[[Geografia (Ptolomeu)|Geografia]]'' de [[Ptolemeu|Ptolomeu]], escrita em meados do {{+séc|II}} Segundo o [[geógrafo]] [[Mundo greco-romano|greco-romano]], ''Iabadiu'', que significava "ilha da cevada", era rica em ouro e tinha uma cidade de prata chamada Argyra na sua extremidade ocidental. O nome parece ser derivado do nome hindu ''Java-dvipa''<ref name="thom" /> (Yawadvipa).

Os anuários de Songshu e Liangshu (século V d.C.) referiam-se a Java como 闍婆 (She-pó ou She-bó). He-ling (640–818), tornou a chamá-la de She-po até a [[dinastia Yuan]] (1271–1368), quando começaram a mencioná-la como 爪哇 (Zhao-Wa ou Chao-Wa).<ref name=":3">Lombard, Denys (2005)''. [https://archive.org/details/NJ2JA/mode/2up?q= Nusa Jawa: Silang Budaya, Bagian 2: Jaringan Asia]''. Jakarta: Gramedia Pustaka Utama. An Indonesian translation of Lombard, Denys (1990). ''Le carrefour javanais. Essai d'histoire globale (The Javanese Crossroads: Towards a Global History) vol. 2''. Paris: Éditions de l'École des Hautes Études en Sciences Sociales. p. 12.</ref> De acordo com o livro de [[Ma Huan]] (o [[Yingya Shenlan]]), os chineses chamavam Java de Chao-Wa, e a ilha era chamada She-po no passado. [[Sulaiman al-Tajir al-Sirafi]] mencionou duas ilhas notáveis que separavam a [[Arábia]] da [[China]]: uma é a Al-Rami, com 800 [[Parasanga|''parasangas'']] de comprimento, identificada como [[Sumatra]], e a outra é Zabaj (árabe: الزابج, indonésio: Sabak), com 400 ''parasangas'' de comprimento, identificada como Java.<ref name=":12">{{Cite book|title=Majapahit Peradaban Maritim|last=Nugroho|first=Irawan Djoko|publisher=Suluh Nuswantara Bakti|isbn=978-602-9346-00-8|year=2011}}</ref>{{Rp|30–31}}

Quando [[Giovanni de' Marignolli]] retornou da China para [[Avinhão]], ele hospedou-se no [[Reino de Sabá|Reino de Saba]] por alguns meses, onde disse haver muitos elefantes e que era governado por uma rainha; Saba pode ser a interpretação dele para She-bó.<ref>Yule, Sir Henry (1913). ''[https://archive.org/details/cathaywaythither03yule/page/n15/mode/2up?q=saba Cathay and the way thither: being a collection of medieval notices of China vol. III]''. London: The Hakluyt Society.</ref>{{Rp|page=xii, 192–194}} [[Afanásio Nikitin]], um comerciante de [[Tver]] (na [[Rússia]]), viajou para a Índia em 1466 e descreveu a terra de Java, que ele chamou de шабайте (shabait/šabajte).<ref>Braginsky, Vladimir. 1998. [https://www.academia.edu/21785432/Two_Eastern_Christian_Sources_on_Medieval_Nusantara Two Eastern Christian sources on medieval Nusantara] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20210520115142/https://www.academia.edu/21785432/Two_Eastern_Christian_Sources_on_Medieval_Nusantara|date=2021-05-20}}. ''Bijdragen tot de Taal-, Land- en Volkenkunde''. 154(3): 367–396.</ref><ref>{{Cite book|url=https://archive.org/details/medievalrussiase00zenk/page/346/mode/2up?q=shabait|title=Medieval Russia's epics, chronicles, and tales|last=Zenkovsky|first=Serge A.|publisher=Dutton|isbn=0525473637|year=1974|location=New York|pages=345–347}}</ref>

== Geografia ==
[[Imagem:Mount Bromo at sunrise, showing its volcanoes and Mount Semeru (background).jpg|thumb|left|[[Monte Bromo]], um vulcão ativo no maciço de [[Tengger]], Java Oriental]]

A ilha está situada entre as ilhas de [[Sumatra]] (a noroeste) e [[Bali]] (a leste). A ilha de [[Bornéu]] fica a norte e a [[ilha Christmas]] a sul. A costa norte é banhada pelo [[mar de Java]], a costa ocidental pelo [[estreito de Sunda|estreito de Sonda]], a costa sul pelo [[oceano Índico]] e a costa oriental pelos estreitos [[Estreito de Bali|de Bali]] e [[Estreito de Madura|de Madura]]. Faz parte do arquipélago das [[Grandes Ilhas da Sonda]].

Praticamente toda a ilha é de origem vulcânica. O seu eixo central é percorrido por uma cadeia de montanhas com 38 picos principais, os quais foram ou ainda são vulcões ativos. A montanha mais alta é o [[monte Semeru]] ({{fmtn|3676|m}} de altitude) e o vulcão mais ativo é o [[Merapi]] ({{fmtn|2930|m}}). No total, Java possui mais de 150 montanhas.

Montanhas e planaltos javaneses contribuem para dividir o interior numa série de regiões relativamente isoladas que são das mais férteis do mundo para o cultivo de [[arroz]].<ref name="rick" /> Outra produção agrícola importante é o [[Cafeeiro|café]]. A primeira plantação de café da Indonésia foi criada em 1699 em Java. Atualmente, o café é cultivado sobretudo no planalto de [[Ijen]], na parte oriental da ilha.

A área de Java é de cerca de 132.011,65 quilômetros quadrados (incluindo 5.408,45 quilômetros quadrados de [[Madura]] e ilhas menores ao largo da costa). Java tem aproximadamente 1.000 km de comprimento e até 210 km de largura.<ref name="RICKLEFS_p15" /> O principal e mais longo rio é o [[Rio Solo|Bengawan Solo]], com 600 km de comprimento.<ref name="amien" /> Nasce na parte central da ilha, no vulcão [[monte Lawu|Lawu]], corre para norte e leste e desagua no mar de Java perto da cidade de [[Surabaya]]. Outros rios importantes são o [[Rio Brantas|Brantas]], [[Rio Citarum|Citarum]], {{ilc|Cimanuk||Rio Manuk|Ci Manuk}} e o [[Rio Serayu|Serayu]].

=== Meio ambiente ===
[[Imagem:Java-1934 -2.jpg|thumb|[[Rinoceronte-de-java]] morto em 1934 em Java Ocidental. Atualmente só um reduzido número de espécimes deste rinoceronte sobrevivem no [[Parque Nacional de Ujung Kulon]]]]

[[Imagem:West end of Karang Bolong, Nusakembangan, Cilacap 2015-03-21.jpg|thumb|{{ilink condicional|pag1=Praia de Karang Bolong (Nusa Kambangan)|pag2=Praia de Karang Bolong|lk1=Praia de Karang Bolong|txt2=Praia de Karang Bolong}}, no ilha de [[Nusa Kambangan]], ao largo da costa centro-sul de Java]]
[[Ficheiro:Cymbidium_dayanum_Orchi_04.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|267x267px|''[[Cymbidium dayanum]]'' - espécie de orquídea nativa de Java.]]
O [[bioma]] predominante em Java é a [[floresta tropical pluvial]], com [[ecossistema]]s que vão desde os [[Manguezal|mangais]] costeiros na costa norte às florestas húmidas de alta altitude das encostas vulcânicas do interior, passando pelas costas escarpadas da costa sul e pelas florestas tropicais das zonas baixas. As condições ambientais e clima mudam gradualmente de oeste para leste, desde as florestas húmidas e densas da parte ocidental até às [[savana]]s relativamente secas da parte oriental, conforme o clima e precipitação nessas regiões.

Originalmente, a ilha tinha uma grande [[biodiversidade]], com numerosas espécies [[Endemismo|endémicas]] vegetais e animais, como o [[rinoceronte-de-java]],<ref name=edge/> o [[Bos javanicus|bantengue]], o [[Sus verrucosus|javali verrugoso javanês]], {{famesp2|águia-gavião-javanesa|Nisaetus|bartelsi}}, o [[pavão-verde]], o [[Hylobates moloch|gibão-prateado]], o [[Trachypithecus auratus|lutung-de-java]], o {{famesp2|cervo-rato-javanês|Tragulus|javanicus}}, o cervo-de-timor (''[[Rusa timorensis]]'') e o [[Leopardo-de-Java|leopardo-de-java]]. Com 450 espécies de aves, 37 delas endémicas, Java é um local de sonho para os [[Observação de aves|observadores de aves]].<ref name=indb/> Há cerca de 130 espécies de peixes de água doce.<ref name=ngu/>

Desde tempos remotos que os habitantes locais têm limpado as florestas, alterado os ecossistemas e moldado a paisagem, nomeadamente criando socalcos para [[Arrozal|plantação de arroz]] e terraços para suportar a população crescente. Os socalcos de arroz existem há mais de um milénio e foram a base económica de antigos reinos agrícolas. A população crescente coloca uma grande pressão na vida selvagem de Java, com a diminuição das florestas, que estão confinadas a encostas altas e penínsulas isoladas. Algumas das espécies endémicas estão me risco de extinção crítico e algumas já se extinguiram, como o [[tigre-de-java]] (''Panthera tigris sondaica)'' e o {{famesp2|elefante-de-java|Elephas maximus|sondaicus}}.

Atualmente há vários [[Parque nacional|parques nacionais]] para proteger o que resta da frágil vida selvagem, como o de [[Parque Nacional de Ujung Kulon|Ujung Kulon]], {{ilc|Monte Halimun Salak|Parque Nacional do Monte Halimun Salak|Parque Nacional Halimun Salak|Parque Nacional de Gunung Halimun}}, [[Parque Nacional de Gunung Gede Pangrango|Gunung Gede Pangrango]], [[Parque Nacional de Baluran|Baluran]], [[Parque Nacional de Meru Betiri|Meru Betiri]] e [[Parque Nacional de Alas Purwo|Alas Purwo]].

=== Clima ===
A temperatura média oscila entre 22 e 29&nbsp;[[Grau Celsius|°C]] e a [[humidade relativa]] média é 75%. As planícies costeiras setentrionais são geralmente mais quentes, com temperaturas médias durante o dia de 34&nbsp;°C na [[estação seca]]. As costas meridionais são geralmente mais frescas do que o norte e o interior montanhoso ainda mais fresco.<ref name=clim1/>

Durante a [[estação das chuvas]], que vai de novembro a abril, a chuva cai principalmente à tarde. No resto do ano, a chuva é intermitente. Os meses mais chuvosos são janeiro e fevereiro. Java Ocidental é mais húmida que Java Oriental e a precipitação é maior nas regiões montanhosas. Nos planaltos de {{ilc|Parahyangan||Priangan|Preanger}}, em Java Ocidental a precipitação média anual é superior a {{fmtn|4000|mm}}, enquanto que na costa norte de Java Oriental é {{fmtn|900|mm}}.<ref name=clim1/>

=== Divisões administrativas ===
Java e as ilhas pequenas mais próximas estão divididas em quatro [[Províncias da Indonésia|províncias]] e duas regiões especiais.

{| class="sortable wikitable" style="margin-left:20px"
! Província !! Capital !! Área (km²) !! N.º de habitantes<br/>(2014) !! Densidade pop.<br/>(hab./km²)
|-
| [[Banten]] || [[Serang]]
{{td fmtn|9662.92}} |{{td fmtn|11834087}}
| style="text-align:right" | {{Densidade populacional|11834087|9662.92|noprefix=x|nosufix=x}}
|-
| [[Java Ocidental]] || [[Bandungue]]
{{td fmtn|35377.76}} |{{td fmtn|46029668}}
| style="text-align:right" | {{Densidade populacional|46029668|35377.76|noprefix=x|nosufix=x}}
|-
| [[Java Central]] || [[Semarang]]
{{td fmtn|32800.69}} |{{td fmtn|33753023}}
| style="text-align:right" | {{Densidade populacional|33753023|32800.69|noprefix=x|nosufix=x}}
|-
| [[Java Oriental]] {{ref label2|♦}} || [[Surabaia]]
{{td fmtn|47799.75}} |{{td fmtn|38529481}}
| style="text-align:right" | {{Densidade populacional|38529481|47799.75|noprefix=x|nosufix=x}}
|-
| [[Jacarta]] <small>(reg. esp.)</small> || -
{{td fmtn|661.5}} |{{td fmtn|9607787}}
| style="text-align:right" | {{Densidade populacional|9607787|661.5|noprefix=x|nosufix=x}}
|-
| [[Jogjacarta (região especial)|Jogjacarta]] <small>(reg. esp.)</small> || [[Jogjacarta]]
{{td fmtn|3133.15}} |{{td fmtn|3594290}}
| style="text-align:right" | {{Densidade populacional|3594290|3133.15|noprefix=x|nosufix=x}}
|}
{{Note label2|♦|A província de Java Oriental inclui a ilha de [[Madura]] ({{fmtn|5168|km²}}; {{formatnum:3630000}} habitantes em 2012; {{Densidade populacional|3630000|5168}}).}}

Além das divisões administrativas é comum dividir a ilha em quatro ''zonas culturais'':
* Java Ocidental, que inclui Banten, Java Ocidental e Jacarta;
* Java Central, que inclui também a região especial de Jogjacarta;
* Java Ocidental, à exceção da ilha de Madura;
* Ilha de [[Madura]].

== Demografia ==
<div style="float:right; margin-left:15px; font-size:95%">
{{População-variação
|local=Java
|notas={{ref label2|¶}} <ref name=bps1/><ref name=depk/>
|a1=1971 |p1=76086320
|a2=1980 |p2=91269528
|a3=1990 |p3=107581306
|a4=2000 |p4=121352608
|a5=2010 |p5=136610590
|a6=2015 |p6=145013583
}}
{{Note label2|¶|<small>''Os números incluem a ilha de [[Madura]], que em 2015 tinha {{formatnum:3724545}} habitantes.''</small>}}
</div>

Tradicionalmente, Java tem sido dominada por classe de elite, enquanto que as classes inferiores se ocupam da agricultura e das pescas. A elite javanesa evoluiu ao longo da história, acompanhando as sucessivas vagas de imigração e ocupação. Há evidências que no passado na elite dominante de Java houve imigrantes do Sul da Ásia e, durante a era islâmica, imigrantes [[árabes]] e [[persas]]. Mais recentemente, imigrantes [[chineses]] também passaram a fazer parte da elite económica de Java. Apesar dos habitantes de origem chinesa geralmente se tenham mantido à margem da política, há algumas exceções notáveis, como o governador de Jacarta, [[Basuki Tjahaja Purnama]].

Não obstante Java ter vindo a modernizar-se e a urbanizar-se cada vez mais, apenas 75% da ilha tem [[eletricidade]]. As aldeias e os seus campos de arroz continuam a ser uma visão frequente por toda a ilha. Ao contrário do resto da ilha, o crescimento demográfico em Java Central é baixo, apesar da percentagem de jovens ser mais alta do que no resto do país.<ref name=bkkbn1/> Este crescimento populacional mais baixo pode ser parcialmente atribuído ao facto de muitas pessoas abandonarem as áreas rurais de Java Central para procurarem melhores oportunidades e rendimentos mais altos nas grandes cidades.<ref name=jakp1/> A população da ilha continua a aumentar rapidamente, apesar de muitos javaneses abandonarem a ilha. Isso deve-se em parte ao facto de Java ser o principal polo económico, académico e cultural da Indonésia, o que atrai milhões de não javaneses às suas cidades. [[Imagem:View of Gambir from Monas, December 2011.jpg|thumb|Vista da parte oriental de Jacarta desde o ''{{ilc|Monas|Monas (Jacarta)|Monumento Nacional (Jacarta)|Monumento Nacional (Indonésia)}} (Monumento Nacional)''|centro|571x571px]]

=== Crescimento Demográfico ===
[[Ficheiro:Population_density_map_of_Java_and_Madura_by_subdistrict_(kelurahan)_(2022).svg|esquerda|miniaturadaimagem|Densidade populacional de Java e Madura em 2022, com destaques às principais aglomerações urbanas]]
Java é a [[Lista de ilhas por população|ilha mais populosa do mundo]] e abriga 56% da população da Indonésia, com uma população total de 156,4 milhões, de acordo com as estimativas oficiais de meados de 2023 (incluindo 4,06 milhões de Madura).<ref name="JKTPOS">{{cite news|url=http://www.thejakartapost.com/news/2010/08/23/population-growth-%E2%80%98good-papua%E2%80%99.html|title=Population growth 'good for Papua'|date=23 August 2010|access-date=30 August 2010|work=[[The Jakarta Post]]|archive-url=https://web.archive.org/web/20100824053746/http://www.thejakartapost.com/news/2010/08/23/population-growth-%E2%80%98good-papua%E2%80%99.html|archive-date=24 August 2010|url-status=dead}}</ref> Com quase 1.185 pessoas por km² em 2023, também é uma das partes mais densamente povoadas do mundo, comparável a [[Bangladesh|Bangladexe]]. Cada região da ilha tem numerosos vulcões, com as pessoas ocupando as terras mais planas restantes. Por causa disso, muitas áreas costeiras são densamente povoadas e as cidades se formam em torno dos vales cercados por picos vulcânicos.

A taxa de crescimento populacional mais que dobrou em Java Central economicamente deprimida no período de 2010–2020 em comparação com 2000–2010, indicando migração ou outros problemas; houve [[Erupção vulcânica|erupções vulcânicas]] significativas durante o período anterior. Aproximadamente 45% da população da Indonésia é etnicamente javanesa,<ref>[https://www.cia.gov/the-world-factbook/countries/indonesia/ Indonesia] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20210413004319/https://www.cia.gov/the-world-factbook/countries/indonesia|date=2021-04-13}}. ''[[The World Factbook]]''. [[Central Intelligence Agency]].</ref> enquanto os sudaneses também constituem uma grande parte da população de Java.

O terço ocidental da ilha (Java Ocidental, Banten e DKI Jacarta) tem uma densidade populacional ainda maior, de aproximadamente 1.563 por quilômetro quadrado, e representa a maior parte do crescimento populacional de Java.<ref name="JKTPOS2" /> Esta região abriga três áreas metropolitanas: [[Região Metropolitana de Jacarta|Grande Jacarta]] (com as áreas periféricas de Grande [[Serangue|Serang]] e Grande [[Sukabumi]]), [[Região Metropolitana de Bandungue|Grande Bandung]] e [[Região Metropolitana de Cirebon|Grande Cirebon]].

Desde a década de 1970 até a queda do regime de [[Suharto]] em 1998, o governo indonésio conduziu [[Programa de transmigração|programas de transmigração]] visando reassentar a população de Java em outras ilhas menos povoadas da Indonésia. Esse programa teve resultados mistos, às vezes causando conflitos entre os locais e os recém-chegados. No entanto, fez com que a participação de Java na população nacional diminuísse progressivamente.

Jacarta e seus arredores, sendo a metrópole dominante, também abrigam pessoas de todo o país. Java Oriental também é lar de [[balineses]], bem como de um grande número de [[madurenses]] devido à sua pobreza histórica.

=== Etnias e cultura ===
{{AP|vt=s|Cultura da Indonésia}}

[[Imagem:COLLECTIE TROPENMUSEUM Een jonge Javaan te Semarang Java TMnr 10002811.jpg|thumb|left|upright|Fotografia de 1913 de um adolescente de etnia [[javaneses|javanesa]] com vestuário tradicional: chapéu {{ilc|blangkon||belangkon}}, sarong [[batik|batique]] e adaga [[kris]]]]

Apesar da numerosa população, ao contrário do que acontece com outras grandes ilhas da Indonésia, Java é comparativamente mais homogénea em termos étnicos. Só há dois grupos étnicos nativos da ilha: os [[javaneses]] e os [[sundaneses]]. Um terceiro grupo, os {{ilc|madureses||Madurenses}}, originários da ilha de [[Madura]], situada ao largo da costa nordeste de Java, imigraram em grande número para Java Oriental a partir do {{séc|XVIII}}.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

Os {{ilc|betawi|Betawi (povo)|Betawi (etnia)|Betawi}}, constituem uma [[Crioulos|etnia crioula]] que se fixaram na região de Jacarta (antigamente chamada Batávia) {{circa|{{séc|XVII}}}}. Os betawi falam um [[Língua betawi|dialeto malaio]] e descendem principalmente de vários grupos étnicos de diversas ilhas do arquipélago indonésio ([[malaios]], javaneses, [[balineses]], [[minangkabau]], [[bugis]], [[makassar]]es, {{ilc|amboineses||Amboneses|lk=Amboina}}, etc.) que se misturaram com imigrantes de regiões mais distantes, como [[portugueses]], [[neerlandeses]], [[árabes]], [[chineses]] e [[Indo-arianos|indianos]] que foram levados ou atraídos a Batávia para satisfazerem as necessidades de mão de obra. Têm uma cultura e língua (o [[Língua betawi|betawi]], um dialeto do [[Língua malaia|malaio]]) distinta dos seus vizinhos sundaneses e javaneses.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

O ''[[kakawin]]''{{
nre|
1=Os ''[[kakawin]]'' são obras de poesia narrativa escritos em [[Língua kawi|kawi]] (javanês antigo), com [[rima]]s e [[Métrica (poesia)|métrica]] derivadas da literatura [[Sânscrito|sânscrita]].
}} ''“{{ilc||Tantu Pagelaran|Tangtu Panggelaran}}”'' relata a origem mitológica de Java e da sua natureza vulcânica. A ilha tem quatro regiões culturais principais. No interior e na parte ocidental subsistem as tradições religiosas javanesas {{ilc|Kejawen||Kebatinan}} (ou Kebatinan), que [[sincretismo|sincretizam]] aspetos [[Animismo|animistas]], [[Budismo|budistas]], [[Hinduísmo|hindus]] e [[Islão|islâmicos]] (sobretudo [[Sufismo|sufistas]]). No [[Pasisir]] (costa norte), as influências culturais externas foram mais fortes desde mais cedo do que nas outras regiões, devido à economia se ter baseado historicamente no comércio através do mar de Java, e não à agricultura como no resto da ilha. Em Java Ocidental, a cultura tradicional é sobretudo sundanesa. A quarta região cultural é a chamada "{{ilc|saliência oriental de Java||Ujung Timur|Tapal Kuda}}" ({{langx|id|''Ujung Timur''|nome}}) ou ''Tapal Kuda'' ("ferradura", devido à sua forma no mapa), também chamada [[Banyuwangi]], que durante grande parte da sua história se manteve independente das principais potências que dominaram o resto de Java. A ilha de Madura tem fortes laços culturais com as regiões costeiras de Java.<ref name=per58/>

[[Imagem:Gamelan Kresna Hotel Wonosobo, Java 1197.jpg|thumb|Vários tipos de [[Gamelão|Gamelões]], um instrumento tradicional de Java]]

A cultura ''Kejawen'' é a predominante; a ela pertence o que resta da aristocracia javanesa e grande parte da elite militar, empresarial e política. A sua língua, artes e etiqueta são vistas como as mais refinadas da ilha. Os territórios compreendidos entre [[Banyumas]] (no centro-oeste) e Blitar (no centro-leste) são os mais férteis da Indonésia e são as regiões agrícolas mais densamente povoadas do país.<ref name=per58/> Na parte sudoeste de Java Central (Banyumasan) há uma mistura entre as culturas javanesa e sundanesa.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}} As cidades de [[Jogjacarta]] e de [[Suracarta]] têm fortes tradições culturais e são polos da cultura clássica javanesa. As artes clássicas javanesas incluem a música de [[gamelão]] e os espetáculos de [[fantoche]]s [[wayang]]. A literatura javanesa inclui numerosas obras antigas, como o ''[[Pararaton]]'' e traduções dos épicos hindus [[Ramáiana]] e [[Mahabharata|Maabarata]]. O primeiro relata sobretudo a história de [[Ken Arok]], o fundador da dinastia {{ilc|Singasari||Singhasari}} e antepassado da dinastia reinante de [[Império de Majapait|Majapait]], um um órfão que destronou o seu rei e casou com a rainha viúva, [[Ken Dedes]]. Entre os escritores javaneses do {{séc|XX}}, destaca-se [[Pramoedya Ananta Toer]], autor de várias histórias baseadas nas suas experiências pessoais da juventude em Java e em cujas obras se encontram muitos elementos do folclore javanês e da história lendária da ilha.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

=== Línguas ===
[[Imagem:Java languages.JPG|thumb|upright=1.5|Mapa linguístico de Java]]

As principais línguas faladas em Java são o em {{ling|jv}}, o {{ling|su}} e o [[Língua maduresa|madurês]]. Outras línguas usadas na ilha são o [[Língua betawi|betawi]] (ou malaio batávio), um dialeto do [[Língua malaia|malaio]] falado na região de Jacarta (antiga Batávia), o {{ilc|osing|Língua Osing|Dialeto Osing|lk=Osing}}, o {{ilc|banyumasan|Dialeto Banyumasan|Língua Banyumasan|Banyumasan}} (um dialeto do javanês), o {{ilc|tenggerês|Tengger (povo)|Tengger (etnia)}} (muito próximo do javanês), o {{ilc|bandui|Bandui|Baduy|Kanekes}} (muito próximo do sundanês), o [[Língua kangeana|kangeano]] (muito próximo do madurês) e o [[Língua balinesa|balinês]].<ref name=citu/> A grande maioria da população também fala {{ling|id}}, frequentemente como segunda língua.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

=== Religião ===
[[Imagem:Pura Parahyangan Agung Jagatkartta, Candi Siliwangi Shrine.jpg|thumb|left|Um ''[[candi]]'' (santuário hindu) dedicado ao [[Reino de Sonda|rei sundanês]] {{ilc|Siliwangi|Rei Siliwangi|Sri Baduga Maharaja|Sang Ratu Jaya Dewata}} {{nwrap|r.|1482|1521}} em [[Bogor]], Java Ocidental]]

[[Imagem:Masjid Menara Kudus.jpg|thumb|left|[[Mesquita Menara Kudus]], em [[Kudus]], Java Central, do {{séc|XVI}}, uma das mesquitas mais antigas de Java]]

Ao longo da história, Java foi um cadinho de religiões e culturas, que originou uma grande diversidade de crenças religiosas. As primeiras influências externas vieram da Índia — o [[xivaísmo]] e o [[budismo]] penetraram profundamente na sociedade, misturando-se com as tradições e cultura indígenas. Para a divulgação dessas duas religiões contribuíram os chamados ''resi'', [[Ascese|ascetas]] que ensinavam práticas místicas, que viviam rodeados de estudantes que cuidavam das necessidades materiais quotidianas dos seus mestres. A autoridade dos ''resi'' eram meramente cerimoniais; nas cortes, os clérigos e ''pudjangga'' (letrados em textos sagrados) [[brâmane]]s legitimavam os governantes e ligavam a cosmologia hindu às necessidades políticas.<ref name=k61/> Na atualidade ainda há pequenos enclaves hindus espalhados por toda a ilha e na costa oriental, mais perto de [[Bali]], há numerosos hindus, especialmente em volta da cidade de [[Banyuwangi]].{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

O [[islão]], chegado depois do hinduísmo, fortaleceu o status da estrutura religiosa tradicional. Mais de 90% da população atual de Java é muçulmana, desde os mais tradicionalistas e mais [[Sincretismo|sincréticos]] ''[[abangan]]'' até aos mais ortodoxos  ''[[santri]]''. Os ''[[kyai]]'' (académicos muçulmanos) tornaram-se a nova elite religiosa à medida que a influência hindu declinou. O islão não reconhece qualquer hierarquia de líderes religiosos nem uma clero formal, mas o [[Companhia Holandesa das Índias Orientais|governo colonial holandês]] criou uma hierarquia elaborada para as mesquitas e outras instituições islâmicas. Nas ''[[pesantren]]'' (escolas islâmicas) javanesas, os ''kyai'' deram continuidade aos ''resi''.<ref name=k61/>

[[Imagem:Jakarta Indonesia Jakarta-Cathedral-07.jpg|thumb|{{ilc|Catedral católica de Nossa Senhora da Assunção|Catedral de Nossa Senhora da Assunção (Jacarta)|Catedral de Jacarta}}, em Jacarta, consagrada em 1901]]

As tradições pré-islâmicas contribuíram para que o islão em Java tivesse um cunho [[misticismo|místico]] e que se criasse uma liderança religiosa vagamente estruturada em volta dos ''kyais'', com vários graus de competências nas tradições, crenças e práticas religiosas, misturando elementos pré-islâmicos e funcionando como os principais intermediários entre as populações aldeãs e o sobrenatural. Contudo, a fraca estruturação da liderança dos ''kyais'' deu origem a [[cisma]]s e é frequente haver acentuadas divisões entre ''kyais'' ortodoxos, que se cingem estritamente às leis islâmicas, os que pregam o misticismo e os que defendem um islão reformado com conceitos científicos modernos. A divisão é especialmente marcada entre os ''santri'', que defendem um islão mais ortodoxo nas crenças e nas práticas, e os ''abangan'', que misturam com uma aceitação formal e superficial do islão com conceitos [[Animismo|animistas]] e hindus.<ref name=k61/>

Há algumas comunidades [[Cristianismo|cristãs]], principalmente nas cidades maiores, embora algumas áreas rurais do centro-sul de Java sejam fortemente [[Catolicismo|católicas]]. Nas cidades maiores há comunidades budistas, principalmente entre os {{ilc|chineses indonésios||Chineses da Indonésia|Imigração chinesa na Indonésia}}. A constituição indonésia reconhece seis religiões oficiais.

Um dos efeitos da multiplicidade de religiões é o elevado número seitas. Em meados da década de 1956, o Departamento de Assuntos Religiosos em Jogjacarta reportou a existência de 63 seitas religiosas além das religiões oficiais. Destas, 35 estavam presentes em Java Central, 22 em Java Ocidental e 6 e Java Oriental.<ref name=k61/> Entre estas incluem-se a Kejawen, a Sumarah e [[Subud]], entre muitas outras. O número total de fiéis destas seitas é difícil de estimar, pois muitos deles identificam-se com uma das religiões oficiais.<ref name=beatty/>

== História ==

=== Presença do ''Homo erectus'' ===
[[Ficheiro:Pithecanthropus_erectus-PeterMaas_Naturalis.jpg|miniaturadaimagem|Fósseis pertencentes ao "Homem de Java" (''H. e. erectus''), exposto no [[Museu de História Natural de Leida]], [[Leida]]]]
[[Ficheiro:Ngandong_14._Homo_erectus.jpg|miniaturadaimagem|Molde de um crânio encontrado em Java exposto no [[Museu Nacional de História Natural (Estados Unidos)|Museu Nacional de História Natural]], [[Washington, D.C.]]]]
Os restos fossilizados do ''[[Homo erectus]]'', popularmente conhecido como "[[Homem de Java]]", datados de 1,3 milhão de anos, foram encontrados ao longo das margens do [[rio Solo]].<ref>{{Cite journal |title=Age control of the first appearance datum for Javanese Homo erectus in the Sangiran area |date=2020 |journal=Science |issue=6474 |last2=Kondo |first2=Megumi |pages=210–214 |bibcode=2020Sci...367..210M |doi=10.1126/science.aau8556 |pmid=31919224 |last3=Danhara |first3=Toru |last4=Sakata |first4=Sheik |last5=Iwano |first5=Hideki |last6=Hirata |first6=Takafumi |last7=Kurniawan |first7=Iwan |last8=Setiyabudi |first8=Erik |last9=Takeshita |first9=Yoshihiro |volume=367 |doi-access=free |last1=Matsu’ura |first1=Shuji |last10=Hyodo |first10=Masayuki |last11=Kitaba |first11=Ikuko |last12=Sudo Masafumi |last13=Danhara |first13=Yugo |last14=Aziz |first14=Fachroel |s2cid=210131393}}</ref><ref>{{cite journal |title=Recent advances in far eastern paleoanthropology |journal=Annual Review of Anthropology |year=1988 |pages=43–77 |doi=10.1146/annurev.an.17.100188.000355 |volume=17 |last1=Pope |first1=G. G.}} cited in {{cite book|title=The Ecology of Java and Bali|last=Whitten|first=T.|author2=Soeriaatmadja, R. E.|author3=Suraya A. A.|publisher=Periplus Editions Ltd|year=1996|location=Hong Kong|pages=309–312}}; {{cite journal |title=Evidence on the Age of the Asian Hominidae |date=15 August 1983 |journal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America |issue=16 |last=Pope |first=G. |pages=4,988–4992 |bibcode=1983PNAS...80.4988P |doi=10.1073/pnas.80.16.4988 |pmc=384173 |pmid=6410399 |volume=80 |doi-access=free}} cited in {{cite book|title=The Ecology of Java and Bali|last=Whitten|first=T.|author2=Soeriaatmadja, R. E.|author3=Suraya A. A.|publisher=Periplus Editions Ltd|year=1996|location=Hong Kong|page=309}}; {{cite journal |url=http://www.sciencemag.org/cgi/reprint/266/5191/1726.pdf |title=Dating hominid sites in Indonesia |date=9 December 1994 |journal=Science Magazine |issue=16 |last=de Vos |first=J. P. |pages=4,988–4992 |bibcode=1994Sci...266.1726D |doi=10.1126/science.7992059 |volume=266 |doi-access=free |author2=P. Y. Sondaar}} cited in {{cite book|title=The Ecology of Java and Bali|last=Whitten|first=T|author2=Soeriaatmadja, R. E.|author3=Suraya A. A.|publisher=Periplus Editions Ltd|year=1996|location=Hong Kong|page=309}}</ref> O ''H. erectus'' chegou à Eurásia há aproximadamente 1,8 milhões de anos, em um evento considerado o primeiro êxodo africano. Há evidências de que a população de ''H. erectus'' de Java viveu em um habitat de floresta sempre úmida.<ref>{{cite journal |title=The Oldest Gibbon Fossil (Hylobatidae) from Insular Southeast Asia: Evidence from Trinil, (East Java, Indonesia), Lower/Middle Pleistocene |journal=[[PLOS ONE|PLoS ONE]] |issue=6 |last2=de Vos |first2=John |year=2014 |bibcode=2014PLoSO...999531I |doi=10.1371/journal.pone.0099531 |pmc=4051846 |pmid=24914951 |last3=Huffman |first3=O. Frank |volume=9 |doi-access=free |last1=Ingicco |first1=Thomas |at=e99531}}</ref> Mais especificamente, o ambiente se assemelhava a uma [[savana]], mas provavelmente era regularmente inundado ("savana hidromórfica"). As plantas encontradas no local de escavação de [[Trinil]] incluíam gramíneas ([[Poaceae]]), [[samambaias]], [[Ficus]] e [[Indigofera]], típicas de floresta tropical de planície.

O ''[[Homo erectus soloensis|H. e. soloensis]]'' foi a última população de uma longa história de ocupação da ilha de Java pelo ''H. erectus'', começando há 1,51 a 0,93 milhões de anos no sítio de Sangiran, continuando há 540 a 430 mil anos no sítio de Trinil e, finalmente, há 117 a 108 mil anos em [[Ngandong]]. Se a data estiver correta para o [[Homem de Solo]], eles representariam uma população terminal de ''H. erectus'' que se abrigava nos últimos refúgios de habitat aberto da [[Ásia Oriental]] antes da tomada pela floresta tropical. Antes da imigração dos humanos modernos, o sudeste da Ásia no final do [[Pleistoceno]] também era lar do ''[[Homo floresiensis|H. floresiensis]]'', endêmico da [[Ilha Floreana|ilha de Floreana]], Indonésia, e do ''[[Homo luzonensis|H. luzonensis]]'', endêmico da ilha de [[Lução]], nas [[Filipinas]]. A análise genética das populações atuais do [[Sudeste Asiático|sudeste asiático]] indica a dispersão generalizada dos [[Hominídeo de Denisova|Denisovanos]] (uma espécie atualmente reconhecível apenas por sua assinatura genética) pelo sudeste asiático, onde se cruzaram com humanos modernos imigrantes entre 45,7 e 29,8 mil anos atrás. Um estudo genômico de 2021 indica que, além dos Denisovanos, os humanos modernos nunca se cruzaram com nenhuma dessas espécies humanas endêmicas, a menos que a descendência fosse inviável ou as linhagens híbridas tenham se extinguido.

A julgar pelo grande número de espécimes depositados em Ngandong ao mesmo tempo, pode ter havido uma população considerável de ''[[Homo erectus soloensis|H. e. soloensis]]'' antes da erupção vulcânica que resultou em seu sepultamento, mas a população é difícil de estimar com certeza. O sítio de Ngandong ficava a alguma distância da costa norte da ilha, mas não está claro onde a linha costeira sul e a foz do rio Solo estariam.

=== Chegada do homem moderno à ilha ===
[[Ficheiro:Sumbing,_Java.jpg|miniaturadaimagem|[[Monte Sumbing]] cercado por campos de arroz. A topografia vulcânica de Java e suas terras agrícolas férteis são os fatores fundamentais em sua história.]]
A excepcional fertilidade e a chuva da ilha permitiram o desenvolvimento da cultura de [[arroz]] de [[Arrozal|campo alagado]], que exigia níveis sofisticados de cooperação entre as aldeias. Dessas alianças de aldeias, desenvolveram-se pequenos reinos. A cadeia de montanhas vulcânicas e as terras altas associadas que percorrem o comprimento de Java mantiveram suas regiões interiores e povos separados e relativamente isolados.<ref>Ricklefs (1991), pp. 16–17.</ref> Antes do advento dos estados islâmicos e do colonialismo europeu, os rios forneciam o principal meio de comunicação, embora muitos rios de Java sejam relativamente curtos. Apenas o [[rio Brantas]] e o [[rio Solo]] podiam fornecer comunicação de longa distância e, dessa forma, seus vales sustentaram os centros dos principais reinos. Pensa-se que um sistema de estradas, pontes permanentes e portagens seria apenas estabelecido em Java pelo menos em meados do século XVII. Os poderes locais podiam interromper as rotas, assim como a estação chuvosa, e o uso das estradas dependia muito de manutenção constante. Consequentemente, a comunicação entre a população de Java era difícil.<ref name="RICKLEFS_p152" />
{{multiple image
| total_width = 230
| image1 = MET DP158751.jpg
| image2 = MET 2001 433 526 O2.jpg
| footer = Estuetas de guerreiros em pé em bronze, Java, cerca de 500 a.C. - 300 d.C.
}}
A emergência da civilização na ilha de Java é frequentemente associada à chegada de [[Aji Saka]] em 78 d.C. Embora se diga que Aji Saka foi o portador da civilização em Java, a história recebeu várias objeções e refutações de outras fontes históricas. O [[Ramáiana]] de Valmiki, feito por volta de 500 a.C., registra que Java já tinha uma organização governamental muito antes da história:<blockquote>"Yawadwipa é decorada com sete reinos, ilhas de ouro e prata, ricas em minas de ouro, e há a Montanha Cicira (fria) que toca o céu com seu pico."<ref>{{Cite book|title=Rekonstruksi Sedjarah Indonesia. Zaman Hindu, Yavadvipa, Srivijaya, Sailendra|last=Sastropajitno|first=Warsito|date=1958|publisher=PT. Pertjetakan Republik Indonesia|location=Yogyakarta}}</ref>{{Rp|page=6}}</blockquote>O geógrafo grego [[Ptolemeu|Ptolomeu]] chamou a ilha de Yabadiou ou Sabadiou (Grego Antigo: Ιαβαδίου ou Σαβαδίου).<ref>{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=dSFfD0dpdS4C|title=Archaeology: Indonesian Perspective : R. P. Soejono's Festschrift|date=2006|publisher=Jakarta : Indonesian Institute of Sciences, : International Center for Prehistoric and Austronesian Studies|isbn=9792624996|page=407}}</ref><ref>{{Cite book|url=https://books.google.com/books?id=VNgUAAAAIAAJ&pg=PA237|title=Modern Times|last=Kahler|first=H.|date=December 31, 1981|publisher=Brill Archive|isbn=9004061967|via=Google Books}}</ref> De acordo com o registro chinês [[Míng Shǐ]], o [[reino javanês]] foi fundado em 65 a.C., ou 143 anos antes do início da história de Aji Saka.<ref>Groeneveldt, Willem Pieter (1876). "[https://archive.org/details/notes-on-the-malay-archipelago/page/n7/mode/2up?q= Notes on the Malay Archipelago and Malacca, Compiled from Chinese Sources]". Batavia: W. Bruining.</ref>{{Rp|page=39}} A história de Aji Saka é uma história neo-javanesa. Esta história ainda não foi encontrada como relevante no texto antigo javanês. Esta história conta eventos no [[reino de Medang Kamulan]] em Java no passado. Naquela época, o rei, [[Prabu Dewata Cengkar]], foi substituído por Aji Saka. Esta história é considerada uma alegoria da entrada dos indianos em Java. Referindo-se às informações da [[dinastia Liang]], o reino javanês foi dividido em dois: o reino pré-hindu e o reino pós-hindu, que começou em 78 d.C.<ref name=":122" />{{Rp|page=5 and 7|}}

=== Período dos reinos hindus e budistas ===
[[Imagem:Yogyakarta Indonesia Prambanan-temple-complex-06.jpg|thumb|left|Complexo de templos hindus de [[Prambanan]], construído no ({{séc|IX}} pelos reis de [[Reino de Mataram|Mataram]] perto de [[Jogjacarta]]]]

Os reinos de {{ilc|Taruma|Reino de Tarumanagara|Tarumanagara|Reino de Taruma}} e de [[Reino de Sonda|Sunda]] de Java Ocidental surgiram no {{séc|IV}} e {{DC|VII|n}}, respetivamente, e o de [[Reino de Kalingga|Kalingga]] enviou embaixadas à [[China]] a partir de 640.<ref name=coe/> Contudo, o principal reino foi o de [[Reino de Mataram|Mataram]], fundado em Java Central no início do {{+séc|VIII}} A religião de Medang tinha como divindade central o [[Mitologia hindu|deus hindu]] [[Xiva]] e o reino construiu alguns dos templos hindus mais antigos de Java no [[planalto de Dieng]]. No {{séc|VIII}}, a [[dinastia Sailendra]] surgiu na [[planície de Kedu]] e tornou-se a patrocinadora do [[budismo]] [[Maaiana]]. É à dinastia Sailendra que se devem alguns monumentos religiosos imponentes, como os templos do {{séc|IX}} de [[Borobudur]] e [[Prambanan]], em Java Central.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

Cerca do {{séc|X}}, o centro do poder deslocou-se do centro da ilha para a parte oriental. Os reinos javaneses orientais de [[Reino de Kediri|Kediri]], {{ilc|Singasari||Singhasari}} e [[Império de Majapait|Majapait]] dependiam sobretudo da cultura de arroz, mas mantiveram comércio com o arquipélago indonésio, China e Índia. Majapait foi fundado por [[Raden Wijaya]] {{nwrap|r.|1294|1309}}{{sfn|Coedès|1968|p=201}} e no final do reinado de [[Hayam Wuruk]] {{nwrap|r.|1350|1389}} reclamava-se soberano de todo o arquipélago indonésio, apesar de provavelmente o controlo efetivo se limitar a Java, Bali e Madura. O primeiro-ministro de Hayam Wuruk, [[Gajah Mada]], liderou muitas das conquistas territoriais do rei.{{sfn|Coedès|1968|p=234}} Enquanto que os reinos javaneses anteriores baseavam o seu poder na agricultura, Majapait tomou o controlo dos portos e rotas de navegação, tornando-se o primeiro império comercial de Java. Após a morte de Hayam Wuruk e da chegada do [[islão]], Majapait entrou em declínio.{{sfn|Coedès|1968|p=241}}

=== Difusão do islão e florescimento dos sultanatos islâmicos ===
O islão tornou-se a religião dominante em Java no fim do {{séc|XVI}}. Durante esse período, os reinos islâmicos de [[Sultanato de Demak|Demak]], [[Sultanato de Cirebon|Cirebon]] e [[Sultanato de Banten|Banten]] surgiram e desenvolveram-se a partir do {{séc|XV}}. No final do {{séc|XVI}}, o [[Sultanato de Mataram]] tornou-se a potência dominante nas regiões centrais e orientais de Java. Os reinos de {{ilc|Surabaia|Ducado de Surabaia|Ducado de Surabaya|Kadipaten Surabaya}} e de Cirebon acabaram por ser subjugados por Mataram e quando os [[Império Colonial Holandês|holandeses]] conquistaram a ilha só foram confrontados por dois estados: Mataram e Banten.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

=== Período colonial ===
[[Imagem:COLLECTIE TROPENMUSEUM Olieverfschildering voorstellend de grote postweg bij Buitenzorg TMnr 1012-1.jpg|thumb|Gravura do {{séc|XIX}} da [[Grande Estrada Postal]] perto de [[Bogor]]]]

Os contactos de Java com as potências coloniais europeias iniciaram-se em 1522, com o [[Tratado de Sunda Kalapa (1522)|Tratado de Sunda Kalapa]], assinado entre o comandante [[Império Português|português]] de [[Malaca Portuguesa|Malaca]] e o o [[Reino de Sonda|rei de Sunda]]. No entanto, as tentativas dos portugueses para se estabelecerem em Java fracassaram e a [[Portugueses na Indonésia|presença portuguesa na Indonésia]] foi confinada às ilhas orientais. O primeiro contacto dos holandeses com Java ocorreu em 1596, com uma expedição de quatro navios comandada por [[Cornelis de Houtman]].<ref name=ames/>

No final do {{séc|XVIII}}, os holandeses tinham estendido a sua influência aos sultanatos do interior através da [[Companhia Holandesa das Índias Orientais]]. Os conflitos internos impediram os javaneses de formarem alianças eficazes contra os holandeses e as únicas entidades políticas que se resistiram algum tempo foram os principados de [[Suracarta]] (ou Solo) e de [[Jogjacarta]], anteriormente parte de Mataram. Os holandeses apoiaram alguns restos da aristocracia javanesa atribuindo cargos de regentes ou de oficiais distritais na administração colonial.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

O principal papel económico de Java durante a primeira parte do período colonial foi o de produtor de arroz. Em ilhas onde se produziam [[especiaria]]s, como as de [[Ilhas Banda|Banda]], era regularmente importado arroz de Java, para suprir a insuficiência da produção local para satisfazer a subsistência.<ref name=sjohn/>

[[Imagem:Java Great Post Road.svg|thumb|left|upright=1.4|Mapa da Grande Estrada Postal]]

Durante as [[Guerras Napoleónicas]] na Europa, os [[Países Baixos]] ficaram sob o controlo da [[França]], o mesmo acontecendo com a sua colónia das [[Índias Orientais Holandesas|Índias Orientais]]. Durante o curto mandato de [[Herman Willem Daendels|Daendels]] como [[Governador-geral das Índias Orientais Neerlandesas|governador-geral]] ao serviço dos franceses, foi iniciada a construção da [[Grande Estrada Postal]] em 1808. A estrada, que ia de [[Anyer]], em Java Ocidental, a [[Panarukan]], em Java Oriental, serviu como rota de abastecimento militar e foi usada para defender Java da invasão britânica.<ref name=eks/> Em 1811, Java foi [[Invasão britânica de Java|invadida pelos britânicos]], tornando-se uma possessão do [[Império Britânico]]. [[Thomas Stamford Raffles|Stamford Raffles]] foi governador durante esse período, que terminou quando a ilha foi devolvida aos holandeses em 1815, nos termos do [[Tratado de Paris (1814)|Tratado de Paris]].<ref name=atk/>

[[Imagem:COLLECTIE TROPENMUSEUM Sortering van krossok (gedroogde tabaksbladeren) Java TMnr 10011707.jpg|thumb|Plantação de tabaco no início do {{séc|XX}}]]

[[Imagem:COLLECTIE TROPENMUSEUM Soendanese theepluksters TMnr 10011963.jpg|thumb|Jovens sundanesas apanhadoras de chá numa plantação, no início do {{séc|XX}}]]

Em 1815, Java tinha possivelmente cinco milhões de habitantes. Na segunda metade do {{séc|XVIII}}, a população começou a aumentar nas áreas ao longo da costa norte central e no século seguinte aumentou rapidamente por toda a ilha. Para tal contribuiu a administração colonial, que acabou com as guerras civis, o aumento da área de cultivo de arroz e a introdução de algumas plantas comestíveis, como a [[mandioca]] e o [[milho]], que eram acessíveis a populações para quem o arroz era muito caro.<ref name=tay/> Outros autores atribuem o crescimento demográfico aos impostos coloniais e ao crescimento do emprego devido ao ''[[cultuurstelsel]]'',{{
nre|
nome=cults|1=O ''[[cultuurstelsel]]'' ("sistema de cultivo" em {{ling|nl}}) foi uma política da administração colonial holandesa que obrigava a que uma parte das colheitas agrícolas fosse destinado à exportação.<ref name=sch/>
}} que levou as famílias a terem mais filhos na esperança de aumentarem a capacidade para pagarem os impostos e comprarem bens.{{sfn|Taylor|2003|pp=253–254}} Outro fator foi a diminuição da idade de casamento das mulheres durante o {{séc|XIX}}, que aumentou o número de anos em que as mulheres podiam ter filhos.{{sfn|Taylor|2003|p=254}} A epidemia de [[cólera]] de 1820 provocou cerca de {{formatnum:100000}} vítimas mortais.<ref name=byrne/>

O uso de camiões e a construção de [[Ferrovia|vias férreas]] em regiões onde até ali o transporte dependia de búfalos e carroças, a implementação de [[Telegrafia|sistemas telegráficos]] e de sistemas de distribuição melhor coordenados contribuíram para a eliminação da fome em Java e, consequentemente, para o aumento da população. Entre o fim da década de 1840 e a [[Ocupação japonesa da Indonésia|ocupação japonesa]] cem anos depois não houve crises alimentares significativas em Java. Contudo, segundo alguns autores, o ''cultuurstelsel'' está ligado a crises alimentares e epidemias na década de 1840, primeiro em [[Cirebon]] e depois em Java Central, devido às culturas agrícolas para exportação, como de [[Indigofera suffruticosa|indigo]] e [[cana-de-açúcar]] não permitirem a produção suficiente de arroz.{{sfn|Taylor|2003|p=254}}

=== Independência ===
O nacionalismo indonésio surgiu em Java no início do {{séc|XX}} e a [[Revolução Nacional da Indonésia|luta pela independência]] a seguir à [[Segunda Guerra Mundial]] centrou-se em Java. A Indonésia tornou-se independente em 1949 e desde então a ilha tem dominado a vida social, política e económica do país, o que é uma fonte de insatisfação para os residentes de outras ilhas.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

=== Cronologia da história de Java ===
* {{AC|3000|x}}: migrações do litoral da China do Sul para a Formosa de população [[austronésios|austronésia]]
* {{AC|2000|x}}: migrações dos austronésios da Formosa para as Filipinas, e para [[Celebes]], [[Timor]] e outras ilhas do arquipélago indonésio
* {{-séc|III}} ao {{DC|III|x}}: o [[Ramayana]] menciona ''Yavadvipa'', "ilha do milho-miúdo"
* {{séc|I}}: rede de cidades-estado portuárias que comerciam com Índia e China
* 413: o monge budista chinês [[Faxian]] pernoita em "Ye-po-ti" (Yavadvipa)
* {{séc|V}}: reino de {{ilc|Taruma|Reino de Tarumanagara|Tarumanagara|Reino de Taruma}} no oeste de Java
* 732: inscrição de Canggal no centro de Java declara que o rei Sanjaya de [[Sultanato de Mataram|Mataram]] erigiu um monumento para honrar [[Xiva]]
[[Imagem:Candi Kalasan.JPG|thumb|O [[templo de Kalasan]] perto de Jogjacarta]]
* 778: inscrição  de Kalasan, sempre no centro da ilha, menciona um rei [[Sailendra]] que observa os ritos de Buda
* Séculos VIII a X: construção de templos no centro de Java, como [[Borobudur]] budista e [[Prambanan]] em honra de Xiva
* 907: a autoridade do rei [[Balitung]] (reina de 899 a 910) estende-se ao centro e leste de Java
* 928: o rei [[Mpu Sindok]] transfere definitivamente o seu palácio para Java Oriental
* 1041: inscrição de Java Oriental menciona o rei [[Airlangga]], filho do príncipe Udayana, de [[Bali]]
* 1053: a inscrição do [[templo de Sdok Kok Thom]] no [[Camboja]] diz que o rei khmer {{lknb|Jayavarman|II}} {{nwrap|r.|802|869}} estabeleceu a sua capital em 802 depois de se ter libertado da suserania de "Java"
* {{séc|XI}}: o centro do poder passa para o reino de [[Kediri]], e depois para [[Singasari]]
* 1292: desembarque de um corpo expedicionário sino-mongol em [[Java Oriental]], fundação do [[Império de Majapait]], que controla um território que se estende até ao centro de Java
* Séculos XIV e XV: Majapait comercia com o Camboja, [[Champa]], China, Índia, [[Sião (Tailândia)|Sião]], [[Vietname]] ("''Yawana''"). O almirante chinês [[Zheng He]] faz muitas vezes escala nos portos de Java
* 1333-1579: reino hindu [[sunda]]nês de Pajajaran até [[Java Oriental]] controla os portos de [[Banten]] e Kalapa (a futura [[Jacarta]])
* 1478: Majapait passa para o controlo dos príncipes de Kediri
* Fim do {{séc|XV}}: um chinês muçulmano, Cek Ko-po, funda [[Demak]] na costa norte de Java. Este reino muçulmano empreende a conquista do ''[[Pasisir]]'' (costa norte)
[[Imagem:COLLECTIE TROPENMUSEUM 'Een religieuze maaltijd 'selamatan' in Tjibodas' TMnr 10003361.jpg|thumb|O ''[[Selamatan]]'', uma festividade tradicional javanesa, influenciada pelo [[islão]]]]
* 1527: Fatahillah, um príncipe de [[Cirebon]], conquista o porto de Kalapa e funda aí [[Jacarta|Jayakarta]]
* 1583: Senopati, rei de Mataram, empreende a conquista do centro de Java e do ''Pasisir''<ref>{{citar periódico|último =Pope |título=Recent advances in far eastern paleoanthropology |periódico=Annual Review of Anthropology |volume=17 |páginas=43–77 |ano=1988|doi=10.1146/annurev.an.17.100188.000355 |primeiro1 =G G }}</ref>
* 1597: [[Cornelis de Houtman]] faz escala em [[Banten]]
* 1619: a VOC (''Vereenigde Oostindische Compagnie'' ou "[[Companhia Holandesa das Índias Orientais]]" conquista Jayakarta e funda [[Jacarta|Batávia]])
* O neto de Senopati toma o título de Sultan Agung ("grande sultão", reinou de 1613 a 1646) e ataca o resto de Java. Agung cerca Batávia, mas não obtém êxito.
* {{séc|XVII}}: guerras de sucessão no reino de Mataram.
* 1755: tratado de Giyanti. Mataram é dividida em dois reinos : [[Suracarta]] e [[Jogjacarta]].
* 1770: os príncipes de Blambangan convertem-se ao [[Islão]]
* 1799: a VOC vai à falência; os seus ativos são tomados pelo governo dos Países Baixos.
* 1825: o príncipe Diponegoro de Jogjacarta levanta armas contra os neerlandeses; esta "guerra de Java" termina em 1830 ({{formatnum:15000}} mortos no exército neerlandês, mais de {{formatnum:200000}} na população javanesa, num total à época de entre 4 e 5 milhões de habitantes).
* {{séc|XIX}}: os neerlandeses exploram a ilha do ponto de vista económico; o governador van den Bosch põe em prática um sistema de culturas forçadas (''[[cultuurstelsel]]''){{nre|nome=cults}}
* 1870: uma lei agrária de 1870 abre Java à iniciativa privada

== Economia ==
[[Imagem:DSC00028 Java Ouest Kampung Naga Rice Field (6220094374).jpg|thumb|left|Campos de arroz em {{ilink condicional|Kampung Naga||Kampung Naga}}, região de [[Tasikmalaya]], Java Ocidental]]

No passado, a economia javanesa baseava-se fortemente na agricultura de arroz. Antigos reinos como os de {{ilc|Taruma|Reino de Tarumanagara|Tarumanagara|Reino de Taruma}}, [[Reino de Mataram|Mataram]] e [[Império de Majapait|Majapait]] dependiam das receitas do arroz e dos impostos nelas aplicados. A ilha era famosa pelos seus excedentes de arroz e das suas exportações desde tempos remotos e a cultura de arroz contribuiu para o crescimento populacional. O comércio com outras partes da Ásia, como a Índia e a China, floresceu pelo menos desde o {{+séc|IV}}, o que é atestado por cerâmicas chinesas encontradas em Java datadas desse período. A ilha também participou no comércio global de [[especiaria]]s com as [[ilhas Molucas]] desde o período de Majapait {{nwrap|séculos|XIII|XVI}} até ao período colonial holandês.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

A [[Companhia Holandesa das Índias Orientais]] estabeleceu a sua base em Batávia (atual [[Jacarta]]) no {{séc|XVII}} e foi sucedida pelas [[Índias Orientais Holandesas]] no {{séc|XIX}}. Durante esses tempos coloniais, os holandeses introduziram o cultivo de plantas comerciais, como a [[cana-de-açúcar]], [[Seringueira|borracha]], [[Cafeeiro|café]] [[Camellia sinensis|chá]] e [[Cinchona|quinino]]. Nos séculos XIX e XX, o café de Java ganhou fama mundial e ainda hoje em certos países Java é sinónimo de café.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}
[[Imagem:KerbauJawa.jpg|thumb|Lavragem de campos de arroz com [[Búfalo-asiático|búfalos de água]] na região de [[Salatiga]], Java Central]]

Java é a ilha mais desenvolvida da Indonésia desde o tempo da administração holandesa. Desde tempos remotos que houve redes de estradas, as quais foram aperfeiçoadas com a construção [[Grande Estrada Postal]] no início do {{séc|XIX}} pelo [[Governador-geral das Índias Orientais Neerlandesas|governador-geral]] [[Herman Willem Daendels|Daendels]]. A Grande Estrada Postal tornou-se a espinha dorsal do sistema rodoviário de Java e foi a base para a atual Estrada da Costa Norte (ou Estrada Nacional&nbsp;1; {{langx|id|''Jalan Pantura''|nome}}, abreviatura de ''Jalan Pantai Utara'').{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

As necessidades de transportar produtos comerciais como café das plantações no interior da ilha para os portos na costa impulsionou a construção de [[Ferrovia|linhas ferroviárias]]. Atualmente a indústria, negócios e comércio prosperam nas maiores cidades de Java como Jacarta, [[Surabaia]], [[Semarang]] e [[Bandungue]], ao passo que algumas antigas capitais de [[sultanato]]s como [[Jogjacarta]], [[Suracarta]] e [[Cirebon]] preservaram o seu legado real e tornaram-se centros de arte, cultura e turismo. As áreas industriais estão também em crescimento em cidades da costa norte, nomeadamente em volta de [[Cilegon]], [[Tangerang]], [[Bekasi]], [[Karawang]], [[Gresik]] e [[Sidoarjo (regência)|Sidoarjo]]. Desde o período do presidente [[Suharto]] {{nwrap||1967|1998}} que tem vindo a ser construída uma rede de [[autoestrada]]s com [[Pedágio|portagens]], que liga os principais centros urbano e as suas áreas vizinhas, como Jacarta, Bandungue, Cirebon, Semarang e Surabaia. Além destas autoestradas, há 16 estradas nacionais.{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

Segundo as estatísticas oficiais indonésias de 2012, Java contribuía com 57,51% do [[produto interno bruto]] da Indonésia, o equivalente a {{Tooltip num|504|1 000 000 000|mil milhões|9|504000000000|[[Dólar dos Estados Unidos|US$]]}} ({{fmtn|388,7|mil&nbsp;milhões [[Euro|€]]}}; {{Tooltip num|1030|1 000 000 000|bilhões|9|1030000000000|[[Real (moeda brasileira)|R$]]}}).{{Carece de fontes|geo-eo|data=fevereiro de 2017}}

== Notas ==
{{Refbegin}}
{{Tradução/ref|en|Java|765608834}}
{{-fim}}
{{Reflist|group=lower-alpha}}

{{Referências|refs=

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<ref name=beatty>{{Citation|último =Beatty|primeiro =Andrew|ano=1999|título=Varieties of Javanese Religion: An Anthropological Account|publicado=Cambridge University Press|língua=en|isbn=0-521-62473-8}}</ref>

}}<!--fim refs-->

== Bibliografia complementar ==
{{refbegin}}
*{{Citation|último =Monk|primeiro =Kathryn A.|ano=1996|último2 =De Fretes|primeiro2 =Yance|último3 =Reksodiharjo-Lilley|primeiro3 =Gayatri|título=The ecology of Nusa Tenggara and Maluku|publicado=Periplus Editions|língua=en|local=Hong Kong|isbn=9789625930763|acessodata=18-2-2017|url={{Googlebooks url|ekbwAAAAMAAJ}}}}
{{-fim}}

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[[Categoria:Java| ]]