Ver código fonte para Crack

{{Ver desambiguação}}
{{mais fontes|data=abril de 2021}}
[[Imagem:Rocks of crack cocaine.jpg|257x257px|thumb|direita|Pedras de crack'']]
'''''Crack''''' (do inglês ''{{Lang|en|crack}}'': 'ruído seco, estalo'; também referido como '''pedra de crack''')<ref name="Magnus2003">Macfarlane, Aidan e Macfarlane, Magnus. ''[http://books.google.com/books?id=EnkSFL-79EsC&pg=PA155 Que droga é essa?]''. Editora 34; 2003. ISBN 978-85-7326-269-8. p. 155.</ref> é a [[cocaína]] solidificada em [[Cristal|cristais]].<ref>''[[Dicionário Houaiss]]'': "crack"</ref> O nome deriva do ruído peculiar que se produz quando o cloridrato de cocaína é aquecido.<ref name="Bastos1997">Bastos, Rosa Maria Silvestre. ''[http://books.google.com/books?id=HQIQo6_eHZsC&pg=PA46 Prevenção de Droga na Escola]''. Papirus Editora; 1997 [cited 19 Sep]. ISBN 978-85-308-0468-8. p. 46.</ref>

O surgimento do crack foi a solução encontrada para o problema do preparo da "[[base livre|pasta base]]" (composto sólido e pastoso denominado coloquialmente como "sulfato de cocaína", que contém 40% a 85% de cocaína)<ref name="grau">[http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0325-29572015000100012 Cocaína]. Por Carlos Damin e Guillermo Grau. ''Acta bioquímica clínica latinoamericana'', vol. 49 nº1. [[La Plata]], março de 2015</ref> para consumo. Os traficantes, então, passaram a vender doses bem pequenas de crack por um preço tão baixo quanto três [[Dólar dos Estados Unidos|dólares estadunidenses]].<ref name="(orgs)">José Sterza Justo e Roberto Yutaka Sagawa (orgs). ''[http://books.google.com/books?id=BW4UiR8SJJAC&pg=PA103 Rumos Do Saber Psicologico]''. Arte & Ciência; ISBN 978-85-86127-67-0. p. 103.</ref>

== Propriedades químicas e físicas ==
Nas formas mais puras, as pedras de ''crack ''aparecem como cristais brancos, com bordas irregulares,<ref name="AMCcrac" /> com uma densidade ligeiramente maior do que a da [[parafina]], semelhante a um plástico duro e quebradiço.<ref name="AMCcrac" /> Formas mais puras de crack afundam na água ou derretem nas bordas quando perto de uma chama (o crack vaporiza a 90&nbsp;°C, 194&nbsp;°F).<ref name="MASAT">Todd Wilk Estroff. ''[http://books.google.com/books?id=GLcdUyQsxbgC Manual of Adolescent Substance Abuse Treatment]''. American Psychiatric Pub; ISBN 978-1-58562-792-9.</ref>

O crack resulta da conversão do [[Cocaína|cloridrato de cocaína]]<ref>{{Citar web|url=http://www.chemspider.com/Chemical-Structure.571113.html|titulo=Cocaine hydrochloride {{!}} C17H22ClNO4 {{!}} ChemSpider|acessodata=2023-01-18|website=www.chemspider.com}}</ref> em [[base livre]] (que contém 5% a 40% de cocaína) ao ser misturado com [[bicarbonato de sódio]] e água.<ref name="Landry2004">"O crack, que envolve a conversão do cloridrato de cocaína em "base livre" ao se usar fermento em pó e água, tem revolucionado o preparo, a propaganda e o comércio de cocaína." Mim J. Landry. ''[http://books.google.com/books?id=0cksP9g0Cc4C&pg=PA32 Understanding Drugs of Abuse: The Processes of Addiction, Treatment, and Recovery]''. American Psychiatric Pub; ISBN 978-1-58562-193-4. p. 32.</ref> As pedras de crack oferecem uma curta, mas intensa [[euforia]] aos fumantes.<ref name="AMCcrac">''A.M. Costa Rica'', July 2008, [http://www.amcostarica.com/071808.htm Crack rocks offer a short but intense high to smokers] {{en}}</ref><ref name="RD">Stacy O'Brien, ''Red Deer Advocate'', December 2008, [http://www.albertalocalnews.com/reddeeradvocate/news/local/Officials_warn_of_life-threatening_cocaine_in_area.html Officials warn of life-threatening cocaine in area] {{Wayback|url=http://www.albertalocalnews.com/reddeeradvocate/news/local/Officials_warn_of_life-threatening_cocaine_in_area.html |date=20081206081151 }}.</ref>

=== Síntese ===
[[Imagem:Crack_Ingredients.JPG|miniaturadaimagem|280x280px|Para que a cocaína seja convertida em crack, são necessários vários suprimentos. Na foto, estão o [[bicarbonato de sódio]], uma base comumente usada para sintetizar crack, uma colher de metal, uma [[vela]] e um [[isqueiro]]. A colher é colocada sobre a fonte de calor para que seja possível "cozinhar" a cocaína e transformá-la no crack.]]
[[Imagem:Cooking_Crack.JPG|miniaturadaimagem|235x235px|Síntese do crack na fase de aquecimento da cocaína]]
O crack costuma ser vendido já em forma de pedra,<ref name="AMCcrac2">{{Citar web |ultimo=Arias |primeiro=Jeremy |url=http://www.amcostarica.com/071808.htm |titulo=Crack rocks offer a short but intense high to smokers |data=julho de 2008 |website=A.M. Costa Rica}}</ref> mas não é incomum que alguns usuários "cozinhem" sua própria cocaína em pó para sintetizar o crack. O processe de síntese é frequentemente feito com [[bicarbonato de sódio]] (bicarbonato de sódio), água e uma [[colher]]. Após ser misturado e aquecido, o bicarbonato reage com o cloridrato da cocaína em forma de pó numa [[reação reversível]] entre ácido e base, formando [[ácido carbônico]] (H<sub>2</sub>CO<sub>3</sub>) e cocaína em forma de base livre. O aquecimento acelera a degradação do ácido carbônico em [[dióxido de carbono]] (CO<sub>2</sub>) e água (H<sub>2</sub>O). A perda de CO<sub>2</sub> impede que o produto da reação seja transformado novamente em cloridrato de cocaína. Nesse processo, a cocaína em [[base livre]] se separa como uma camada oleosa e passa a flutuar na solução aquosa, ponto em que o óleo é coletado rapidamente, geralmente com o auxílio de um alfinete ou outros objetos pontiagudos e finos. Isso puxa o óleo para cima e permite que o ar realize a [[secagem]] do óleo, ponto em que a droga se transforma em extrato sólido, o crack.<ref name="MASAT" />

O [[bicarbonato de sódio]] (NaHCO<sub>3</sub>) é a [[Base (química)|base]] mais comumente usada para a preparação do crack, mas outras [[Base fraca|bases fracas]] podem substituí-la.<ref name="Treadwell2007">{{Citar periódico |titulo=Cocaine use and stroke |data=junho de 2007 |ultimo=Treadwell |primeiro=SD |ultimo2=Robinson |primeiro2=TG |paginas=389–94 |tipo=Review |doi=10.1136/pgmj.2006.055970 |pmc=2600058 |pmid=17551070 |volume=83 |periódico=Postgraduate Medical Journal}}</ref><ref name="NYCCocaineAbuse">{{Citar web |url=https://www1.nyc.gov/site/doh/health/health-topics/cocaine-abuse-and-addiction.page |titulo=Cocaine Abuse & Addiction |website=www1.nyc.gov |publicado=City of New York}}</ref> A reação química ao usar bicarbonato de sódio para a síntese do crack é:
:[[Cocaína|Coc]]<sup>+</sup>-HCl<sup>−</sup> + NaHCO<sub>3</sub> → Coc + H<sub>2</sub>O + CO<sub>2</sub> + NaCl

Com bicarbonato de amônio:
:Coc<sup>+</sup>-HCl<sup>−</sup>+ NH<sub>4</sub>HCO<sub>3</sub> → Coc + [[Cloreto de amónio|NH<sub>4</sub>Cl]] + CO<sub>2</sub> + H<sub>2</sub>O

Com [[carbonato de amônio]]:
:2 (Coc<sup>+</sup>-HCl<sup>−</sup>)  + (NH<sub>4</sub>)<sub>2</sub>CO<sub>3</sub> → 2 Coc + 2 NH<sub>4</sub>Cl + CO<sub>2</sub> + H<sub>2</sub>O

== Uso ==
Para o consumo inalatório da droga, são utilizados [[cachimbo]]s elaborados pelos próprios usuários, geralmente de [[alumínio]] e compartilhados entre o grupo de uso. Também tem sido comum o consumo de [[cigarro|cigarros comuns]] ou de [[maconha]] com fragmentos de pedras de crack.<ref name="maribe" /> A forma injetável de cocaína não teve sucesso e foi quase extinta no Brasil, tendo sido substituída pelo crack, que provoca efeito semelhante e tão potente quanto o da cocaína injetada.<ref name="Fulgencio">Paulo Cesar Fulgencio. ''[http://books.google.com/books?id=i3ztZNkEpOoC&pg=PA255 Glossário - Vade Mecum]''. Mauad Editora Ltda; ISBN 978-85-7478-218-8. p. 255.</ref>

O crack também pode ser injetado por [[via intravenosa]], produzindo com efeitos semelhantes ao da cocaína em pó quando injetava. No entanto, enquanto a cocaína em pó se dissolve em água, o crack só pode ser dissolvido em [[Solução (química)|solução ácida]], como o suco de limão (que contém [[ácido cítrico]]) ou o vinagre (que contém [[Ácido etanoico|ácido acético]]). Esse processo reverte a conversão da cocaína em pó em crack.<ref>{{Citar periódico |titulo=Injection preparation processes used by heroin and crack cocaine injectors |data=12 de julho de 2009 |ultimo=Ponton |primeiro=Rhys |ultimo2=Scott |primeiro2=Jenny |paginas=7–19 |doi=10.1080/14659890410001665041 |volume=9 |periódico=Journal of Substance Use}}</ref> Agências de [[saúde pública]] e [[redução de danos]] podem distribuir pacotes de ácido cítrico ou [[ácido ascórbico]] (vitamina C) para esse fim.<ref>{{Citar periódico |titulo=Injecting-related health harms and overuse of acidifiers among people who inject heroin and crack cocaine in London: a mixed-methods study |data=13 de novembro de 2019 |ultimo=Harris |primeiro=Magdalena |ultimo2=Scott |primeiro2=Jenny |paginas=60 |doi=10.1186/s12954-019-0330-6 |pmc=6854679 |pmid=31722732 |ultimo3=Wright |primeiro3=Talen |ultimo4=Brathwaite |primeiro4=Rachel |ultimo5=Ciccarone |primeiro5=Daniel |ultimo6=Hope |primeiro6=Vivian |volume=16 |periódico=Harm Reduction Journal}}</ref>

== Efeitos psicológicos e fisiológicos ==
[[Imagem:Smoking Crack.jpg|235x235px|thumb|Mulher consumindo crack]]
[[Imagem:Crack-paraphernalia.jpg|235x235px|direita|thumb|Objetos usados por fumantes de crack como [[cachimbo]]s de vidro e improvisados de latas e garrafas]]
Os efeitos iniciais do crack são mais rápidos e intensos do que os de outras drogas injetáveis.<ref name="(orgs)"/> A duração dos efeitos do crack é muito curta, em média cinco minutos, enquanto a cocaína, depois de injetada ou usada por via intranasal, provoca efeitos com duração em torno de 20 a 45 minutos.<ref name="maribe">Marcelo Ribeiro. ''[http://books.google.com/books?id=lTApeDzdDCMC&pg=PA139 O Tratamento do Usuário de Crack]''. Artmed; ISBN 978-85-363-2719-8. p. 139.</ref> Os efeitos causados pelo crack são:<ref name=DEAC/><ref name="Hwiz">Tim Madge. ''[http://books.google.com/books?id=lSZgQgAACAAJ White Mischief: A Cultural History of Cocaine]''. Mainstream Publishing Company, Limited; ISBN 978-1-84018-405-1.</ref><ref name="Lopes2006">Antonio Carlos Lopes. ''[http://books.google.com/books?id=mJSsXSrZkasC&pg=PA2010 Diagnostico e tratamento]''. Manole; 2006. ISBN 978-85-204-2473-5. p. 2010.</ref>
{{Colunas-lista|3|
* [[euforia]]
* [[agitação]]
* sensação de prazer
* [[irritabilidade]]
* alterações da percepção e do pensamento
* [[taquicardia]] e [[tremor]]es
* [[perda de apetite]]
* extrema autoconfiança
* [[insônia]]
* estado de alerta
* aumento de energia/disposição física
}}
Grandes quantidades podem induzir tremores, [[vertigens]], [[Espasmo muscular|espasmos musculares]], [[paranoia]] ou, com doses repetidas, uma reação tóxica muito semelhante à da [[intoxicação]] por [[anfetamina]]s.<ref name="DEAC">"DEA, Drug Information, Cocaine",  United States DOJ Drug Enforcement Agency, 2008, webpage:  [http://www.usdoj.gov/dea/concern/cocaine.html DEA-cocaine] {{Wayback|url=http://www.usdoj.gov/dea/concern/cocaine.html |date=20080622214514 }}.</ref><ref name="Cr90">''[http://www.ci.slc.ut.us/police/pdf/methlife.pdf Life or Meth - CRACK OF THE 90'S] {{Wayback|url=http://www.ci.slc.ut.us/police/pdf/methlife.pdf |date=20071031024458 }}'', Salt Lake City Police Department, Utah, 2008</ref> O uso regular do ''crack ''pode provocar [[alucinações]] e causar comportamentos violentos, episódios paranoicos e mesmo impulsos [[suicídio|suicidas]].<ref name="SaÚde">Conselho Pontifício para a Pastoral Da SaÚde. ''[http://books.google.com/books?id=5d_8KWPR0sMC&pg=PA66 Droga e toxicodependência - O desafio de uma intervenção global]''. São Paulo: Loyola, 2001 ISBN 978-85-15-02812-2. p. 66.</ref>

O uso de drogas [[estimulantes]] (principalmente [[anfetaminas]] e cocaína) pode levar à "parasitose delirante" ou [[síndrome de Ekbom]]: a crença equivocada de que se está infestado de [[parasitas]].<ref name=UCDpar/> Essas ilusões também estão associados a febre alta ou abstinência do álcool, muitas vezes, juntamente com alucinações visuais sobre [[inseto]]s. Pessoas que vivem essas alucinações podem arranhar-se, causando danos cutâneos graves e sangramento.<ref name="UCDpar">''[http://delusion.ucdavis.edu/delusional UCDavis-delusional Delusional Parasitosis]{{Ligação inativa|{{subst:DATA}}}}'', The Bohart Museum of [[Entomology]],2005</ref>

Grandes quantidades (várias centenas de [[miligrama]]s ou mais) intensificam o efeito do crack para o usuário, mas também podem levar a um comportamento bizarro, errático e violento. Alguns usuários de crack relataram sentimentos de agitação, irritabilidade e [[ansiedade]]. Em casos raros, pode ocorrer [[morte súbita]] no primeiro uso do crack ou, de forma inesperada, depois. As mortes relacionadas ao crack são, muitas vezes, resultantes de [[parada cardíaca]] ou [[convulsões]] seguidas de [[parada respiratória]].

Pode-se desenvolver uma tolerância considerável ao uso do crack. Os viciados procuram atingir o mesmo prazer de sua primeira experiência, e alguns aumentam a frequência das doses para intensificar e prolongar os efeitos eufóricos. Embora a tolerância a altas doses possa ocorrer, os usuários poderão também tornar-se mais sensíveis (sensibilização) aos efeitos anestésicos e convulsivantes do crack, sem aumentar a dose tomada. O aumento de sensibilidade pode explicar algumas mortes que ocorrem após doses aparentemente baixas de crack.<ref name=DEAC/>

O primeiro relato de [[acidente vascular cerebral]] induzido por cocaína data de 1977. Com o desenvolvimento e disseminação do crack na década de 1980,<ref>[http://acidezmental.xpg.uol.com.br/crack_a_droga_da_morte.html Crack: a droga da morte]</ref> houve um aumento significativo no número de relatos de casos descritos como acidentes vasculares cerebrais [[Isquemia|isquêmicos]] e [[Hemorragia|hemorrágicos]] associados ao uso de cocaína,<ref name="maribe"/> porém não há aumento de fatores de risco de AVC associado ao uso de cocaína.<ref>Daras M. Tuchman, A. J. Marks, ''Central nervous system infaction related to cocaine abuse'', Stroke, 1991; 22(10):1320-5</ref> O consumo de crack fumado, usando-se latas de [[alumínio]] como [[cachimbo]], tem levado a estudos em busca de evidências do aumento do alumínio [[Soro sanguíneo|sérico]] em usuários de crack, considerando-se que a ingestão de alumínio está associada a dano [[neurológico]].<ref name=Pechansky>Flavio Pechansky ''et al''; [http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462007000100012&script=sci_arttext Usuárias brasileiras de crack apresentam níveis séricos elevados de alumínio]; ''Rev. Bras. Psiquiatr.'' vol.29 no.1 São Paulo, março de 2007 Epub Feb 28, 2007; doi: 10.1590/S1516-44462006005000034</ref>

== Abstinência ==
A abstinência dura cerca de dez semanas. Nos quatro primeiros dias o paciente se sente cansado e desestimulado, come muito e sofre alterações de humor. Segundo o psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, "existe grande tendência de o dependente voltar a usar a droga, caso a [[abstinência]] não seja tratada corretamente. Sem a medicação, os sintomas continuam e, comumente, levam a um quadro de [[Depressão (humor)|depressão]], [[Distúrbios do sono|alterações no padrão de sono]] e desestímulo", que pode levar à [[anedonia]].<ref name=Abra>[http://site.medicina.ufmg.br/noticias/2011/09/06/drogas-e-os-riscos-da-abstinencia/ Drogas e os riscos da abstinência]. ''Notícias'', 6 de setembro de 2011.</ref> Mas os sintomas [[paranóide]]s transitórios são os principais componentes do quadro de abstinência do ''crack.'' Esse quadro caracteriza a chamada [[Fissura (abstinência)|fissura]] (do inglês: ''craving''). A fissura é frequentemente referida como uma necessidade imprescindível para o corpo, indispensável à vida e descrita como uma vontade "pior que a fome". A abstinência causa grande [[sofrimento]] físico e psíquico; o indivíduo é tomado por grande [[ansiedade]] e [[Psicose induzida por substância|psicose]] sobre as maneiras de obter a droga, não consegue ficar parado: ''"o corpo dói, a mente dói, o coração gela, a boca do estômago trava"''. O objetivo da procura obcecada por crack não é somente obter prazer, mas também aliviar esse grande mal-estar. Os contornos obsessivos da "fissura" pelo crack tiram do indivíduo a sua capacidade de escolha e o seu discernimento, embora ele seja consciente da sua degradação física e moral. Devido às semelhanças sintomáticas entre a dependência e o [[transtorno obsessivo-compulsivo]], ambos dividem [[etiologia]] similar.<ref>CHAVES, Tharcila V et al . [http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102011000600020 Fissura por crack: comportamentos e estratégias de controle de usuários e ex-usuários.] ''[[Revista de Saúde Pública]]'',  São Paulo ,  v. 45, nº 6, p. 1168-1175, dezembro de  2011.</ref>

Embora as mortes durante o processo de [[desintoxicação]] sejam frequentes, não há relação comprovada entre a morte de usuários de crack e a abstinência da droga, diferentemente do que ocorre no caso de [[alcoolismo|dependentes de álcool]] e de [[heroína]]. Segundo os especialistas, essas mortes seriam causadas pela associação da dependência química com [[inanição]] ou outras doenças.<ref name=morte>[https://oglobo.globo.com/rio/crise-de-abstinencia-de-heroina-pode-levar-morte-por-parada-cardiaca-diz-psiquiatra-21451912 Crise de abstinência de heroína pode levar a morte por parada cardíaca, diz psiquiatra]. Por  Daniela de Paula e Gabriel Oliveira. ''O Globo'', 8 de junho de 2017.</ref>

Na décima semana, esses sintomas começam a desaparecer, e o organismo começa a se recuperar.

== Tratamento ==
Atualmente várias abordagens de tratamento para dependência de cocaína e crack no Brasil vêm sendo discutidas, e há muitas controvérsias sobre qual abordagem teria demonstrado maior efetividade, segundo a literatura científica. Há um consenso de que a dependência de crack exige um tratamento difícil e complexo, por ser uma doença crônica e grave que deverá ser acompanhada por longo tempo.<ref>Felix Kessler, Flavio Pechansky,''[http://www.scielo.br/pdf/rprs/v30n2/v30n2a03.pdf Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade]''. ''Rev Psiquiatria Rio Gd Sul.'' 2008; 30(2):96-98</ref> Não existe um único tratamento para eliminar a dependência do ''crack:''<ref>Knapp WP, Soares B, Farrell M, de Lima SM. ''Psychosocial interventions for cocaine and psychostimulant amphetamines related disorders'', Cochrane Database of Systematic Reviews, Issue 1, 2009</ref> o dependente precisa ser atendido nas diversas áreas afetadas, tais como social, familiar, física, mental, questões legais, qualidade de vida e trabalho de estratégias de prevenção de recaída.

Devido aos baixos índices de motivação do dependente e, consequentemente, pouca aderência do paciente ao tratamento, a família e a rede social de apoio exercem um papel de fundamental importância durante o processo de intervenção terapêutica. Contudo, a maioria dos estudos de revisão sobre famílias de dependentes químicos confirma que o universo familiar dessa população é frequentemente disfuncional.<ref>Guimarães A, Hochgraf P, Brasiliano S, Ingberman Y. ''Family aspects of alcohol and drug-dependent in adolescent girls'', Rev Psiquiatr Clín. 2009; 36(2):69-74</ref> Outra dificuldade no tratamento da dependência do crack é a ausência de uma medicação específica que reduza o desejo pelos efeitos da substância.<ref>Karila L, Gorelick D, Weinstein A, Noble F, Benyamina A, CoscasS et al. ''New treatments for cocaine dependence: a focused review'', Int J Neuropsychopharmacol. 2008; 11(3):425-38.</ref> Inúmeros [[Ensaio clínico|ensaios clínicos]] já foram realizados com [[Antidepressivo tricíclico|antidepressivos tricíclicos]] ([[imipramina]]), [[Inibidor seletivo de recaptação de serotonina|inibidores seletivos de recaptação de serotonina]] (ISRS) ([[fluoxetina]], [[sertralina]] e [[paroxetina]]), [[Anticonvulsivo|anticonvulsivantes e estabilizadores de humor]] ([[carbamazepina]], [[gabapentina]], [[lamotrigina]], [[lítio]]), [[antipsicótico]]s e agentes aversivos ([[dissulfiram]]).

A submissão voluntária ao tratamento por parte do dependente é difícil, haja vista que a [[Fissura (abstinência)|fissura]], isto é, a vontade de voltar a usar a droga, é grande demais. Além disso, a maioria das famílias de usuários não tem condições de custear tratamentos em clínicas particulares ou de conseguir vagas em clínicas terapêuticas assistenciais. Além disso, nem sempre as clínicas são idôneas.<ref>{{citar web | url=http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1250956-5598,00.html|autor= |título= Clínica é fechada por suspeita de maus-tratos contra dependentes em MG | publicado = [[G1]] | data = 31 de julho de 2009 | acessodata = 3 de agosto de 2011}}</ref> Nas comunidades terapêuticas, as internações acontecem voluntariamente. Estão regulamentadas pela Resolução nº 101/2001 da Vigilância Sanitária, mas várias das que funcionam atualmente estão fora das normas.

É comum o dependente iniciar, mas abandonar o tratamento.<ref>{{citar web | url=http://clicrbs.com.br/especial/rs/cracknempensar/19,0,2524739,Recuperacao-muitos-abandonam-o-tratamento-ainda-no-inicio.html|autor= |título= Recuperação: muitos abandonam o tratamento ainda no início | publicado = [[clicRBS]] | data = 27 de maio de 2009 | acessodata = 3 de agosto de 2011}}</ref>

A imprensa também tem mostrado as dificuldades sofridas por parentes de dependentes do crack para tratá-los.<ref>{{citar web | url=http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1357173-10406,00-FAMILIARES+TEM+DIFICULDADE+EM+TRATAR+VICIADOS+EM+CRACK.html|autor= |título= Familiares têm dificuldade em tratar viciados em crack | publicado = [[globo.com]] | data = 27 de outubro de 2009 | acessodata = 3 de agosto de 2011}}</ref> Casos extremos, de famílias que não conseguem ajuda no sistema público de saúde, são cada vez mais comuns.<ref>{{citar web | url=http://www.capinopolis.com/portal/2010/3362/mae-acorrenta-filho-usuario-de-drogas |autor= |título= Mãe acorrenta filho usuário de drogas | publicado = Tudo em Dia |data= |acessodata= 3 de agosto de 2011}}</ref>

A melhor forma de tratamento desses pacientes ainda parece ser objeto de discussão entre especialistas. Muitos psiquiatras e autoridades posicionam-se a favor da [[internação compulsória]] em casos graves e emergenciais, cobrando revisão da legislação brasileira, que restringe severamente a internação compulsória de dependentes químicos,<ref>[http://www.brasilsemgrades.org.br/ws/index.php?option=com_content&view=article&id=431:prescrever-internacao-voluntaria-e-ingenuo-por-luis-flavio-sapori&catid=46:artigos&Itemid=179]</ref> e o aumento de vagas em clínicas públicas que oferecem esse tipo de internação.<ref>{{citar web | url = http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1208289-10406,00-AUTORIDADES+QUEREM+INTERNAR+USUARIOS+DE+CRACK.html | título = Autoridades querem internar usuários de crack | publicado = [[globo.com]] | data = 25 de junho de 2009 | acessodata = 3 de agosto de 2011}}</ref> Contra a internação involuntária, há argumentos de que é muito baixa a eficácia do tratamento sem que haja o desejo da pessoa de se tratar. Por outro lado, admiti-la como foco de uma política de tratamento dos usuários de crack poderia abrir espaço para a violação de direitos humanos, como ressaltou [[Pedro Abramovay]], em entrevista na [[Revista Cult]], 165, ano 15, fevereiro 2012: "Não dá para não pensar na metáfora de [[Machado de Assis]] - a internação compulsória pode levar todos à Casa Verde [hospício criado por Simão Bacamarte em '[[O Alienista]]']."

Desde 21 de janeiro de 2013, entrou em vigor o programa de internação compulsória de dependentes de drogas, do governo do Estado de São Paulo.

Poucas cidades brasileiras possuem o Centro de Atenção Psicossocial a Álcool e Drogas (CAPS AD). Essa modalidade de CAPS foi criada pela portaria ministerial 336, de 10 de fevereiro de 2002. Possui atendimento ambulatorial e hospital-dia com equipes interdisciplinares cuja função é criar uma rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas.<ref>{{citar web | url=http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,pesquisa-98-das-cidades-brasileiras-tem-problemas-ligados-ao-crack,653165,0.htm|autor= |título= Pesquisa: 98% das cidades brasileiras têm problemas ligados ao crack | publicado = [[O Estado de S. Paulo|Estadão]] | data = 13 de dezembro de 2010 | acessodata = 3 de agosto de 2011}}</ref><ref>Prevenção ao uso indevido de drogas : Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias. - 3.ed.- Brasília: Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD, 2010</ref>

Outra estratégia de intervenção voltada à abordagem do usuário de crack são os chamados "Consultórios de Rua".[http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/superacao/projetos-bem-sucedidos/consultorio-de-rua]

A recuperação é possível, mas depende de muitos fatores, como o apoio familiar, da comunidade, a existência de rede de saúde adequada e, de modo especial, a persistência da pessoa (vontade de mudar). Além disso, quanto antes procurada a ajuda, mais provável o sucesso no tratamento. Segundo o médico psiquiatra Marcelo Ribeiro de Araújo, "Faz-se necessário a constituição de equipe interdisciplinar experiente e capacitada, capaz de lhes oferecer um atendimento intensivo e adequado às particularidades de cada um deles, contemplando suas reais necessidades de cuidados médicos gerais, de apoio psicológico e familiar, bem como de reinserção social".<ref>{{citar web | url=http://www.abead.com.br/entrevistas/exibEntrevista/?cod=32 |autor= |título= Entrevista com Marcelo Ribeiro | publicado = ABEAD | data = 10 de outubro de 2008 | acessodata = 3 de agosto de 2011}}</ref>

Estudos indicam que a porcentagem de usuários de crack que são vítimas de morte violenta é significativamente elevada.<ref>[https://extra.globo.com/casos-de-policia/maioria-dos-usuarios-de-crack-nao-morre-devido-droga-sim-por-causa-da-violencia-7094126.html Maioria dos usuários de crack não morre devido à droga, e sim por causa da violência]. Por Carolina Heringer e Paolla Serra. ''Extra'', 19 de dezembro de 2012.</ref> O pesquisador Marcelo Ribeiro de Araújo acompanhou 131 dependentes de crack internados em clínicas de reabilitação e concluiu que usuários de crack correm risco de morte oito vezes maior que a população em geral. Cerca de 18,5 por cento dos pacientes morreram após cinco anos. Destes, cerca de 60 por cento morreram assassinados, 10 por cento morreram de ''[[overdose]]'' e 30 por cento em decorrência de síndrome da imunodeficiência adquirida.{{Carece de fontes|ciência=sim|sociedade=sim|data=junho de 2017}}

== História ==
[[Imagem:Cracklandia sp downtown.jpg|thumb|300x300px|[[Cracolândia]], ponto de consumo de crack em [[São Paulo]]]]
O crack apareceu nos [[Estados Unidos]] primeiramente em bairros pobres do centro das cidades de [[New York]], [[Los Angeles]] e [[Miami]], entre 1984 e 1985.<ref name="ReinarmanLevine1997">Craig Reinarman; Harry Gene Levine. ''[http://books.google.com/books?id=iuCKT-Gz5GcC Crack in America: Demon Drugs and Social Justice]''. University of California Press; 1997. ISBN 978-0-520-20242-9.</ref><ref name="Naím2006">Moisés Naím. ''[http://books.google.com/books?id=5ldX7CUrRgIC&pg=PP23 Ilícito: o ataque da pirataria, da lavagem de dinheiro e do tráfico à economia global]''. Jorge Zahar Editor; 2006 [cited 19 September 2013]. ISBN 978-85-7110-910-0. p. 23.</ref> No Brasil, o crack passou a ser conhecido nos anos de 1990.<ref name="Tejadas2008">Silvia da Silva Tejadas. ''[http://books.google.com/books?id=7Uv8pYwb0DIC&pg=PA256 Juventude e ato infracional: as múltiplas determinações da reincidência]''. EDIPUCRS; 2008. ISBN 978-85-7430-682-7. p. 256.</ref>

;Brasil
As informações sobre a chegada do crack ao Brasil vêm da imprensa leiga ou de órgãos policiais. A primeira apreensão da substância no município de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] registrada nos arquivos da Divisão de Investigação sobre Entorpecentes (DISE) aconteceu em 1990.<ref>Marcelo Ribeiro, ''[http://www.abead.com.br/noticias/exibNoticia/?cod=428 O crack em São Paulo: histórico e perspectivas]'', 08/10/2010,  edição nº3 da Revista Debates, produzida bimestralmente pela Associação Brasileira de Psiquiatria.</ref><ref name="Uchôa1996">Marco Antonio Uchôa. ''[http://books.google.com/books?id=GN56AAAACAAJ Crack: o caminho das pedras]''. Editora Atica; 1996. ISBN 978-85-08-06033-7.</ref> Algumas evidências apontam para o surgimento da substância em bairros da [[Zona Leste do município de São Paulo|Zona Leste]] da cidade, alcançando depois, a [[Zona Central de São Paulo|região central]], nas imediações da [[Estação da Luz]], área que ficou conhecida como [[Cracolândia]].<ref name="LARANJEIRA">DIEHL, Alessandra. ''[http://books.google.com/books?id=zzivab1phXwC&pg=PA171 Dependência Química: Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas]''. Artmed; ISBN 978-85-363-2503-3. p. 171.</ref>

=== Epidemiologia ===
;Canadá
Pesquisas recentes têm mostrado aumento no uso do crack, e um estudo com moradores de rua mostrou que 52,2% deles tinham consumido crack nos últimos seis meses. Em [[Toronto]], 78,8% dos entrevistados relataram ter fumado crack nos últimos seis meses (15).<ref>Fischer B, Rehm J, Patra J, Kalousek K, Haydon E, Tyndall M, ElGuebaly N., ''Crack across Canada: comparing crack users and crack non-users in a Canadian multi-city cohort of illicit opioid users''.Addiction 2006; 101:1760-1770</ref>

;Brasil
Um estudo brasileiro de 2011, examinou a [[taxa de mortalidade]], os indicadores de mortalidade e as causas de mortes entre 131 pacientes brasileiros dependentes de crack/cocaína que procuraram tratamento durante meados dos anos 1990 no Brasil, o perfil predominante do usuário foi: homem, jovem com menos de 30 anos, solteiro, de baixa classe socioeconômica, baixo nível de escolaridade, sem vínculos empregatícios formais e em geral isolado socialmente.<ref>Andréa C. Dias et al, ''[http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/pdf/Dias_et_al._Mortality_rate_among_crackcocaine-dependent_patients-_A_12-year_prospective_cohort_study_conducted_in_Brazil._J_Subst_Abuse_Treat.__2011.pdf Mortality rate among crack/cocaine-dependent patients: A 12-year prospective cohort study conducted in Brazil]'', 5/5/2011</ref>

Em 19 de setembro de 2013, o governo federal do [[Brasil]] apresentou os resultados das pesquisas "Estimativa do número de usuários de crack e/ou similares nas capitais do país" e "Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil", que fazem parte do programa nacional de prevenção e pesquisa "crack, é possível vencer", lançado em 2011.<ref>''Site'' do programa "crack, é Possível Vencer", ''[http://www.brasil.gov.br/crackepossivelvencer/home/pesquisa-revela-perfil-dos-usuarios-de-crack-no-brasil Pesquisa revela perfil dos usuários de crack no Brasil]''</ref>

Em janeiro de 2014, no âmbito de um programa social da prefeitura da [[cidade de São Paulo]], dependentes do crack começaram a trabalhar como [[Coletor de lixo (profissão)|garis]], recebendo uma remuneração diária. O programa não obrigava ninguém a abandonar as drogas, e a adesão era voluntária, tendo em vista ter sido pensado como voltado à [[redução de danos]] (RD).<ref>{{Citar web |url=https://exame.com/brasil/mais-8-estados-aderem-ao-programa-crack-e-possivel-vencer/ |titulo=Mais 8 estados aderem ao programa "Crack, é Possível Vencer" |data=2013-08-06 |acessodata=2022-01-14 |website=Exame |lingua=pt-BR}}</ref> Os dependentes também passavam a residir em hotéis.<ref>G1,''[http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/01/dependentes-de-crack-tem-1-dia-de-trabalho-em-projeto-de-sao-paulo.html Dependentes de crack têm 1º dia de trabalho em projeto de São Paulo]''</ref>

Apesar de seu uso ainda não ter sido estudado em laboratório quanto a isso, o [[alucinógeno]] [[ibogaína]]<ref>[http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2014/12/29/alucinogeno-pode-ser-alternativa-contra-dependencia-de-crack-aponta-estudo.htm Notícias Uol] - Alucinógeno pode ser alternativa contra dependência de crack, aponta estudo. Carlos Minuano. 29/12/2014. Visitado em 24 de Junho de 2015.</ref> vem sendo usado com sucesso no Brasil e tem demonstrado ser eficiente para tratar a dependência de usuários de drogas como o crack.<ref>[http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/10/1538006-virei-outra-pessoa-diz-cantora-que-saiu-do-crack-com-ibogaina.shtml Folha de S. Paulo] - 'Virei outra pessoa', diz cantora que saiu do crack com ibogaína. Fernanda Mena. 25/10/2014. Visitado em 24 de Junho de 2015.</ref><ref>[http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/ibogaina-droga-usada-para-curar-a-dependencia-4bfword0lghorgwvv63jpmzpq ''Gazeta do Povo''] - Ibogaína: droga usada para curar a dependência. Gabriel Azevedo. 04/06/2011.  Visitado em 24 de Junho de 2015.</ref>

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== Associação à prática de crimes ==
O uso do crack — e sua potente dependência psíquica — frequentemente leva o usuário que não tem capacidade financeira para comprar a droga à prática de delitos a fim de obtê-la. Os pequenos furtos de dinheiro e de objetos, sobretudo eletrodomésticos, muitas vezes começam em casa. Muitos dependentes acabam vendendo tudo o que têm a disposição, ficando somente com a roupa do corpo. Em alguns casos, podem se prostituir para comprar a droga. O dependente dificilmente consegue manter uma rotina de trabalho ou de estudos e passa a viver basicamente em busca da droga, não medindo esforços para consegui-la.

== Disseminação do vício ==
Estatísticas e apreensões policiais{{Carece de fontes|ciência=sim|sociedade=sim|data=junho de 2017}} demonstram um aumento percentual do consumo de crack em relação às outras drogas, vindo seus usuários das mais variadas camadas sociais. Outros estudos{{Carece de fontes|ciência=sim|sociedade=sim|data=junho de 2017}} relacionam a entrada do crack como droga circulante em São Paulo ao aumento da [[criminalidade]] e da prostituição entre os jovens, com o fim de financiar o vício. Na periferia da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], jovens [[Prostituição|prostitutas]] viciadas em crack são o nicho de maior crescimento da [[síndrome da imunodeficiência adquirida]] no Brasil.{{Carece de fontes|ciência=sim|sociedade=sim|data=junho de 2017}}

Outras drogas, sobretudo a cocaína, funcionam, via de regra, como porta de entrada para o crack{{Carece de fontes|ciência=sim|sociedade=sim|data=junho de 2017}} a que o usuário recorre por falta de dinheiro, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por curiosidade.

Ao local público onde legiões de usuários costumam se aglomerar para fazer uso da droga a mídia deu o nome de [[cracolândia]]. Esses mesmos locais são cenários de tráfico de entorpecentes, prostituição, etc., prejudicando sobremaneira o comércio nas adjacências. O efeito social do uso do crack é o mais deletério e, nesse sentido, o seu surgimento pode ser considerado um divisor de águas no submundo das drogas. As pedras começaram a ser usadas no ano de 1990 na periferia de São Paulo e, segundo se diz, de início as próprias quadrilhas de traficantes do Rio de Janeiro não permitiam a sua entrada, pois os bandidos temiam que o crack destruísse rapidamente sua fonte de renda: os consumidores.

Entretanto, em menos de dois anos a droga alastrou-se como uma praga por todo o Brasil. Recentes reportagens demonstram que o entorpecente tornou-se o mais comercializado nas favelas cariocas multiplicando os lucros dos traficantes [http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/8/crack_multiplica_o_lucro_de_traficantes_do_rio_28448.html].

Atualmente, pode-se dizer que há uma verdadeira "epidemia" de consumo do crack no país, atingindo cidades grandes, médias e pequenas. Efetivamente, é o que aponta recente pesquisa da Confederação Nacional de Municípios, amplamente divulgada, segundo a qual o crack é consumido em 98 por cento das cidades brasileiras.<ref>{{citar web |url=http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,pesquisa-98-das-cidades-brasileiras-tem-problemas-ligados-ao-crack,653165,0.htm |autor= |obra= |título= |publicado= |data= |acessodata= }}</ref>

Segundo pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) da [[Universidade Federal de São Paulo]] (Unifesp), o Brasil é o maior mercado consumidor de crack do mundo.

A disseminação do uso do crack configura ainda um grave problema de [[saúde pública]], com tendência a acarretar forte impacto para o custeio do sistema público de saúde. Já existem precedentes e decisões de Tribunais de Justiça condenando o Poder Público Estadual a custear tratamentos a usuários crônicos da droga.

Alguns consumidores, em especial do sexo feminino, na [[prostituição]] de baixo nível, visando a somar recursos para manter o próprio vício, utilizam-se da introdução de pequenas porções de crack em cigarros de [[maconha]], no que é chamado de "''desirée''", "mesclado", "craconha" ou "criptonita", na [[gíria]] do meio consumidor e traficante de crack.<ref>{{citar web |url=http://betobertagna.com/2010/07/12/desiree-craconha-ou-criptonita-para-os-traficantes-a-imaginacao-e-infinita/ |autor= |obra= |título= |publicado= |data= |acessodata= |língua= }}</ref> Esta prática também é utilizada por traficantes, que adicionam uma pequena quantidade de crack à maconha e vendem aos usuários, sem que estes saibam. É uma tática cruel para obter novos viciados.<ref name=Pechansky>Flavio Pechansky ''et al.''; [http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462007000100012&script=sci_arttext Usuárias brasileiras de crack apresentam níveis séricos elevados de alumínio]; Rev. Bras. Psiquiatr. vol.29 no.1 São Paulo Mar. 2007 Epub Feb 28, 2007; doi: 10.1590/S1516-44462006005000034</ref><ref>{{citar web |url=http://www.comunidadesegura.org/pt-br/node/45116 |autor= |obra= |título= |publicado= |data= |acessodata= }}</ref>
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== Ver também ==
{{Colunas-lista|2|
* [[Abstinência]]
* [[Cocaína]]
* [[Cracolândia]]
* [[Drogadição]]
* [[Merla]]
* [[Oxi]]
* [[Paco (droga)|Paco]]
* [[Redução de danos]]
* [[Síndrome de abstinência]]
* [[Tráfico de drogas]]
* [[Estigma social]]
}}
{{Referências}}

== Ligações externas ==
* [http://www.brasil.gov.br/crackepossivelvencer/home Programa "crack, é possível vencer"], Governo federal brasileiro
* {{Link|pt|2=http://www.abpbrasil.org.br/departamentos/coordenadores/coordenador/noticias/?not=137&dep=62|3=Emergências Psiquiátricas pelo Uso da Cocaína}}
* {{Link|pt|2=http://www.abpbrasil.org.br/departamentos/coordenadores/coordenador/noticias/?not=135&dep=6|3=Infância, adolescência e Uso de Cocaína/crack}}
* {{Link|pt|2=http://www.quedroga.com.br/toxicos/cocaina-e-crack|3=Tóxicos - Cocaína & crack}}
* {{Link|pt|2=http://www.agenciabrasil.gov.br/grandes-reportagens/2009/03/09/ficha|3=O crack se espalha pelo Brasil}}
* {{Link|pt|2=http://www.senad.gov.br/|3=Secretaria Nacional Antidrogas}}
* {{Link|pt|2=http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack|3=Enfrentando o crack - Portal brasil.gov}}

{{Portal3|Química|Farmácia|Medicina|Sociedade|Saúde}}
{{Controle de autoridade}}
{{título em itálico}}

[[Categoria:Cocaína]]
[[Categoria:Drogas semi-sintéticas]]
[[Categoria:Crack]]